– Me sinto angustiado nesses dias que fico sem fazer nada sabe?
– Sim eu entendo. Como você se sente contigo mesmo nesses dias?
– Ah, parece que sei lá, que eu sou um vagabundo entende?
– Ãhã. Agora pense comigo: o fato de não estar fazendo nada neste dia em específico lhe transforma necessariamente em um vagabundo?
– Hum, acho que não. Nos outros dias eu trabalho.
– Perfeito! Além disso: vagabundo segundo o conceito de quem?
– Como assim?
– Ora, para você se dizer: eu sou um vagabundo, é necessário ter um “conceito” de vagabundo não é?
– Entendi… ah é que meu pai, por exemplo, trabalha todos os dias, nunca para, é meio workaholic sabe?
– Sei. Bem… tem uma diferença entre um vagabundo e um workaholic não?
– Tem sim.
– Entre essas diferenças, onde você está segundo os seus conceitos?
– Bem, eu acho que estou no caminho de ser uma pessoa responsável profissionalmente. Eu já pago minhas contas e tenho conseguido cada vez mais trabalhos.
– Ótimo, ainda não chegou lá 100%, mas também não está na estaca zero.
– Isso.
– Muito bem. De que forma a “angústia” que você sente pode ser direcionada à seu favor, tendo como meta “chegar lá”?
– Acho que ao invés de eu me achar um vagabundo, posso começar vendo o que já consegui fazer para me animar para o que ainda preciso fazer. Traçar alguns planos para o dia e mandar ver!
– Mande ver então!
– Show!
Angústia, ao contrário do que pensamos é uma emoção altamente positiva. Ela é um combustível muito forte para mudanças, se você guiar a sua angústia na direção certa ela te impulsiona, senão ela te queima e este é o perigo da angústia.
Geralmente a falta para a angústia uma direção, um comportamento. Outras vezes, como no caso acima, ela precisa, também, ser depurada. O cliente se angustiava porque “ficar sem fazer nada” era o sinônimo de “vagabundo” e estas pessoas – nos conceitos desse cliente – não vão “chegar lá”. Portanto, ficar sem fazer nada era o mesmo que ir à falência.
Este é um caso em que a angústia se associa à identidade da pessoa, ou seja, quando ela esta angustiada porque a situação lhe faz identificar-se com um papel que ela não deseja para si. Inicialmente precisamos nos des-identificar com este papel identificando os critérios que nos fizeram nos identificar com ele. Como no exemplo: ficar um dia sem trabalhar = vagabundo, mas será mesmo isso? No caso do cliente não! Ele tinha um dia “de folga”, mas pagava todas as suas contas e sobrava um pouco de dinheiro ainda. Portanto, ao rever os seus conceitos ele conseguiu se des-identificar do papel de vagabundo.
O segundo passo foi usar a emoção gerada para melhorar ainda mais a auto-imagem do cliente; no caso ele já deu os primeiros passos quando disse: “posso começar vendo o que já consegui fazer para me animar para o que ainda preciso fazer”; ele se identifica com as competências que ele possui e se anima, com isso a angústia está sendo direcionada para melhorar a auto-estima e confiança dele, o segundo passo fica, então, claro: montar um plano para o dia e “mandar ver”.
A angústia é positiva quando a direcionamos, dê uma direção para essa energia ao invés de mantê-la presa no peito rodando e rodando e te consumindo no processo. Simplesmente pergunte-se: que atividade eu poderia fazer par transformar essa angústia em orgulho, motivação, confiança, felicidade ou satisfação? Faça isso e “mande ver”.
Se não vier nenhuma resposta talvez você queira se perguntar: quando sinto esta angústia, como me sinto comigo mesmo? E então fazer o que fiz com meu cliente, des-identificar-se de um papel inadequado e criar os comportamentos para assegurar-se de que você será algo que quer ao invés de algo ou alguém que não quer!
Abraço
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