– Pois então Akim… sabe eu entendi uma coisa sobre a minha vida nestes dias.
– O que foi?
– Estava vendo um filme e ele me chamou atenção para um fato: eu não me vejo como um adulto.
– Ah é? E como você se vê?
– Me vejo como um idiotão de 15 anos brigando com os pais para poder sair de casa numa boa.
– Uau.
– Pois é… pensei a mesma coisa… sabe… acho que está na hora de eu mudar isso.
– Opa, também acho, afinal de contas você não tem mais 15 aninho né?
– Então! Exatamente!
– Como você quer mudar isso?
– Eu quero me ver de uma forma diferente, me sentir diferente comigo mesmo.
– Perfeito, como você quer se ver, como quer se sentir?
– Acho que está na hora de eu me ver como alguém que cometeu erros – perceba que a frase está no passado – mas que sobreviveu e está buscando novas experiências. Como um adulto que sabe identificar seus gostos, seus desejos e buscar realizá-los, como responsável sobre a minha vida…
– O que mais?
– Sabe… eu sempre tive a sensação de que não aditava eu fazer nada porque a minha vida não iria mudar com isso… quase como seu eu me visse como um incapaz… mas não era bem um incapaz, era mais como se não adiantasse mesmo.
– (Silêncio “permissivo”)
– E daí eu percebi que sempre me senti assim porque nunca consegui mudar meu pai, minha mãe… mas na verdade não era eles quem eu tinha que mudar mesmo né?
– Pois é…
– Daí entendi que eu me acho um incompetente por não conseguir mudar algo que não sou eu quem deve mudar… algo que não depende de mim.
– Boa sacada
– E com isso entendi que os movimentos que eu fazia para mudar o meu redor tinha que voltar para mudar eu.
– Perfeito
– Então eu quero me ver como alguém que pode realizar coisas, que pode mudar a sua vida, alguém que pode fazer a diferença para si próprio e que consegue mudar o seu comportamento! Melhor: usar-se de uma forma útil para si próprio.
– Muito bom hein?! Acho que teremos um belo trabalho daqui para a frente!
O que é ser adulto?
“Ser” refere-se à pergunta: “quem/o que sou”? Esse tipo de pergunta trata do tema da identidade. Portanto “ser” adulto tem a ver com assumir a identidade de adulto. Identificar-se com uma imagem, crenças, comportamentos que na concepção da pessoa a tornam uma adulta.
Tornar-se adulto tem tido cada vez mais a conotação de ser capaz de manter o seu estilo de vida de forma responsável. O adulto diferencia-se do adolescente por aceitar as conseqüências das suas escolhas, torná-las metas e continuar buscando a sua individualidade. O adulto, de uma forma poética, assume a responsabilidade por todo o processo de ser quem é e porque quem deseja vir à ser.
A percepção de realização, ou seja, a sensação de auto-competência surge neste cenário como uma das principais características do adulto. É a identificação com uma pessoa que pode conseguir realizar seus sonhos, vencer desafios, provocar mudanças em si, escolher e agir em prol desta escolha. Tornar-se adulto, neste sentido, significa não apenas saber que tem sonhos, mas saber-se capaz de buscá-los e realizá-los.
O “bônus” vem quando além disso somam-se a percepção dos limites pessoais e de tempo, ou seja, o adulto agora também consegue perceber que sua vida possui limites dentro dos quais ele deverá aprender a viver. Não como conformismo, mas como “regra do jogo”, como uma quantidade de recursos limitada que ele deverá utilizar como matéria-prima para criar-se e recriar-se.
Este jogo, por sinal, é o grande tema de nossa sociedade hoje: criar-se e recriar-se. A percepção de que isso é uma condição social hoje, mesmo que não detentora de todos os meios para alcançar o fim, é fonte tanto de uma sensação de libertação quanto de angústia. No entanto, este é o jogo do momento no qual todos estamos envolvidos e a grande questão é como vamos jogar o jogo de ser quem somos no mundo que habitamos.
E neste jogo a principal característica do adulto no que tange à questão de “ser” – identificar-se – um adulto é de conseguir sair de uma atitude de dependência psicológica de submissão e de necessidade de aprovação dos pais, professores, amigos e sociedade para uma atitude de autoridade sobre si próprio. Ele desenvolve um “ego de autoridade” sobre sua própria vida, este “ego de autoridade” não é dado pela sociedade, mas sim conquistado individualmente, o próprio adulto se dá esta característica. Esta é uma das virtudes fundamentais do adulto em contraposição à criança ou ao adolescente.
Segue abaixo um link de uma entrevista de Jospeh Campbell falando sobre os rituais de iniciação na vida adulta em sociedades primitivas.
[youtube=http://youtu.be/aGx4IlppSgU]
Abraço
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