• 29 de julho de 2016

    Emoção anula emoção?

    – Tá bem Akim, mas eu estou me sentindo bem agora.

    – Eu sei, e esse é o problema.

    – Porque eu estou me sentindo bem?

    – Não, pelo que está motivando isso. Você mesma disse que não tinha mais nada a ver estar junto com ele.

    – Eu sei, mas… eu não sei… é ele sabe? É bom estar com ele!

    – Prazeroso, sim. Bom? Não.

    – Ai Akim… não dá para trocar? Eu não poderia me sentir bem de estar com ele?

    – Se ele te fizesse bem? Sim, mas ele não faz, não é?

     

    O mundo das emoções nem sempre é prazeroso. Muito sentimentos nos contorcem por dentro e sentimos dor e desespero. Assim alguns de nós gostariam de trocar uma emoção por outra ou aprender a anular determinados sentimentos, isso é possível?

    Não. Não é possível porque emoções não funcionam com base de compensação e sim por estímulos. Em outras palavras, o que determina a presença ou não de uma emoção são os estímulos que a desencadeiam junto com a maneira pela qual a pessoa vê estes estímulos.

    Muitas pessoas, por exemplo, sentem-se determinadas a realizar uma tarefa emocionalmente difícil. Saem do meu consultório motivadas para dar um limite ou ter conversas sérias com pessoas queridas. Quando retornam, dizem que “regrediram” ou que “não deveriam ter feito isso” porque “não se sentiram bem” com o que aconteceu. Porém a analise não termina no fato da emoção ser prazerosa ou não. Emoções não são “recompensas”, mas sim mensagens. Assim se me sinto mal após dr um limite, isso significa que estou recebendo uma nova mensagem sobre o limite que dei e preciso avaliar isso.

    Por exemplo, o limite pode ter sido recebido com incompreensão por parte de um filho ou esposo mimado e a pessoa pode entender isso como um sinal de que não deveria ter dado o limite. Na verdade ela apenas precisa aprender a lidar com “cara feia”, a dar ainda mais limites, e compreender que nem sempre todos recebem aquilo que queremos de braços abertos.

    O contrário também é verdadeiro, se a pessoa saí triste do consultório pelo fim de um namoro, por exemplo, e volta alegre dizendo que o ex ou a ex ligou é necessário avaliar este alegria que pode estar mal posicionada. Algumas pessoas tem dificuldades em lidar com términos e desejam manter o vínculo acima de tudo, porém nem sempre isso é bom. Muitas vezes a alegria não é motivada em detrimento de algo realmente bom e sim, porque está mantendo um padrão disfuncional.

    Para deixar claro o meu ponto ao leitor, devo dizer que as emoções sejam elas prazerosas ou não, tratam dos estímulos que as desencadeiam e não são marcadores precisos do que é “bom” ou “ruim” para você, elas são mensagens que dizem que algo bom ou ruim está acontecendo, mas precisamos verificar isso. Não se trata de desconfiar da emoção, mas sim de aprender a fazer bom uso dela, unindo aquilo que sentimos ao que pensamos.

     

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