• 25 de junho de 2012

    Rejeição

    – … e aí Akim ela me deixou lá e foi pra casa dela!

    – E você o que fez?

    – Eu liguei para ela, passei por lá e nada!

    – Complicado né? Como você está se sentindo com isso?

    – Rejeitadíssimo óbvio né?

    – Esperado. Ela deixou bem clara a escolha que ela fez não foi?

    – É claro demais.

    – Foi… está sendo difícil para você de lidar com a escolha dela não é?

    – Cara, ela me rejeitou, você espera que isso seja tranquilo?

    – Não, rejeição é sempre complicado. Escolhas é um pouco mais tranquilo, mas a rejeição é mais complicada.

    – Como assim “escolha é mais tranquilo” e “rejeição é mais complicado”?

    – Ela escolheu estar longe de você, mas, aí dentro você sente isso como se ela tivesse rejeitado o seu eu por completo. Imagino que você deva estar sentindo um idiota, sem atrativos, burro, feio, coisas assim não é?

    – É… bem por aí… Mas porra, “escolheu ficar longe de mim” e “me rejeitou” dá na mesma!

    – Quase. O problema de se sentir rejeitado é que você está se acusando de alguma coisa. E o que ela rejeitou foi a sua companhia a possibilidade de estar contigo e não o seu eu. Como ela poderia rejeitar o seu eu? Só se ela fosse uma maga e te apagasse da existência!

    – Hum… você quer dizer que ela não tem como me rejeitar, mas tem como rejeitar querer ficar comigo é isso?

    – É.

    – Não dá na mesma?

    – Não.

    – Rsrs… mas eu sinto do mesmo jeito!

    – Eu sei, vamos trabalhar para te ajudar com isso. Perceba rejeitar o seu eu só é possível com o seu aval, por isso eu sabia que você estava se sentindo feio e burro. Ninguém consegue rejeitar o eu do outro sozinho, podem discordar e não desejar estar junto com o outro, mas não conseguem rejeitar, simplesmente pelo fato de você existir!

    – Hum… eu entendo, mas não consigo sentir dessa forma.

    – Ok, compreender essa diferença já é um primeiro passo.

     

    Quando as pessoas se dizem “rejeitadas” é necessário entendermos como esse processo ocorre.
    Rejeitar alguma coisa é um sinônimo para “não quero isso, quero aquilo”. É como se você estivesse em um restaurante, e o garçom lhe sugere um prato e você diz: “hum, obrigado, mas não quero isso não, prefiro um filé à parmeggiana”. Desta forma ninguém é “rejeitado” pois “rejeição” nada mais é do que a constatação por parte daquele que “rejeita” – o termo adequado é escolhe – de que o que está sendo “rejeitado” não é exatamente aquilo que o “rejeitador” deseja.

    O que  ocorre dentro de nós é que compreendemos a escolha do “rejeitador” como algo pessoal. “Ele está ME rejeitando”, ou seja a escolha assume um caráter de identidade e a pessoa toma a escolha do “rejeitador” como uma definição de eu: um “eu rejeitado”. Para isso é necessário partir do suposto que é o outro quem me define ou quem me rejeita. Se o outro me aceita eu existo se não não existo sou “rejeitado”. O termo “rejeitado” significa aquilo que não é aceito, que é descartável sempre sob um ponto de vista – existe alguém que toma a decisão de descartar, não aceitar. Por isso que a pessoa se sente um lixo, feia, burra pois ela passa a se desqualificar.

    Esse entendimento que o “rejeitado” cria é que é o problema. Sim a companhia dele foi rejeitada, a pessoa não deseja aquele tipo de companhia para ela, no entanto, não é um problema pessoal com o “rejeitado”, mas sim uma questão de definição do “rejeitador” sobre com quem ficar ou não. Daí que tomar a “rejeição” como uma definição de identidade é problemático por ser um julgamento auto-criado e “falso” (no sentido lógico).

    O primeiro passo então é fazer essa diferença entre ter sua companhia, trabalho, arte rejeitada e o seu “eu” rejeitado. Este último só pode ser rejeitado se a pessoa tomar a rejeição como pessoal. Geralmente a baixa auto-estima, limites muito rígidos, pouca flexibilidade em habilidades interpessoais contribuem para tomar a rejeição como pessoal. Fica a dica do que cuidar.

    Reconheça que as pessoas TEM a possibilidade de desejarem estar com outras pessoas que tem características diferentes das suas e que isso não tem nada a ver contigo, tem a ver com elas, escolhas delas, desejos delas. E que, por sua vez, existem pessoas que desejam estar com pessoas com as suas características e é nestas que vale a pena apostar. Dica: a principal destas pessoas pode ser você! Que tal contemplar a alternativa? Você se sente bem sozinho?

    Abraço

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