• 31 de agosto de 2012

    Independência

    – E o que eu quero é ser assim sabe? Independente!

    – Sim, claro, quem não quer? Me conte: o que é independência para você?

    – É não depender de ninguém para nada sabe? Fazer o que eu quero!

    – Entendo… interessante: seu conceito de “independente” envolve o outro “não depender de ninguém”.

    – Hum é verdade…

    – Daí que me parece que você sabe que é independente quando não depende, mas isso não significa, necessariamente que você sabe manter o que você deseja, sustentar o seu próprio desejo.

    – Hum… nunca tinha pensado nisso, mas faz sentido até… Tem várias vezes que eu penso em fazer alguma coisa, mas na hora eu desisto e faço outra nada a ver, depois me culpo.

    – Sim, é disso que estou falando. A frase: “sou independente, pois busco me responsabilizar pelos meus desejos, sonhos e problemas e criar as minhas respostas para eles” mexe com você de alguma forma?

    – Sim… eu acho, que, na verdade é isso que eu quero sabe? Tenho um monte de sonhos, mas não consigo correr atrás… acho que o que eu preciso é disso.

    – Ótimo, então vamos trabalhar para isso, certo?

    – Perfeito!!

    “Procuramos independência, acreditamos na distância entre nós”; a música do Capital Inicial fala sobre o tema de sermos independentes. Na verdade “independência” no sentido que queremos dar não existe. Ou seja, nenhum ser humano é independente do outro, todos nós possuímos uma conexão em maior ou menor grau. qualquer ser humano afeta e é afetado por outro ser humano, dai que independente no sentido de “eu me basto só” é uma falácia filosófica no sentido de que nenhum ser humano é alienado do restante do universo, ele vive dentro do universo, sendo, portanto, uma parte dele; e biológica até: precisamos de dois seres para nos criarem e além disso temos hoje o conhecimento dos neurônios espelhos que mostram que o cérebro humano é programado para criar vínculos.

    Mas então, o que é ser independente?

    A independência tem muito mais a ver com a atitude que temos frente à nossos desejos, sonhos e problemas do que se eu “me basto sozinho”. Por exemplo: uma pessoa que busca a ajuda de um engenheiro para construir a sua casa não é uma pessoa independente porque está “dependendo” do engenheiro para construir a sua casa? Ela deveria aprender engenharia e construir sozinha – obviamente sem pedreiros também? Fazer os tijolos, a madeira, o aço e tudo mais que envolve uma casa? Isso é a ideia do “me basto sozinho”.

    Ter a atitude é buscar as soluções pelo meu próprio pensamento, pela minha própria ação. Isso pode envolver eu buscar a ajuda de um terceiro, por que não? Se eu tenho dúvidas e conheço quem pode me ajudar, é uma atitude independente buscar as informações com essa pessoa. Diferente disso é esperar que alguém me traga as respostas, ou que alguém me diga o que fazer. A dependência não se cria quando aceitamos sugestões de alguém, quando entregamos à alguém algo nosso ou quando abrimos nossos problemas com outras pessoas; ela começa a surgir quando acreditamos que somente essa pessoa terá as soluções e que nós não temos o que fazer sem ela. É nesta atitude que reside a real dependência.

    Exercitar a nossa independência é exercitar a escolha, o livre pensar e agir. Nada tem a ver com não poder contar com outras pessoas ou aprender com elas, mas sim em perder o vigor e a atitude de raciocinar livremente consigo sobre tudo o que vive e entregar-se à vida como uma folha levada ao vento.

    Abraço

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