• 26 de novembro de 2012

    Quem sou?

    – Pois é Akim foi daí que eu percebi que, no começo da relação eu não estava bem por causa dela.

    – E pelo que era?

    – Eu estava bem. Eu estava me fazendo bem e daí eu fazia com ela aquilo que me fazia bem.

    – Hum… bacana isso não?

    – Pois é, daí, com o tempo eu parei de fazer isso para não desagradar ela, não brigar, essas coisas.

    – E aí?

    – E aí, danou-se né? Tá no pé que estou hoje. E isso que me deixou intrigado sabe? Não era ela… era eu.

    – Pois é. Era você, de fato. Quando você leva a sua relação para o que te faz bem, você fica bem!

    – E quando começo a desistir para não desagradar… me ferro.

    – Por aí. Agora, o mais importante é o que te faz abrir mão.

    – Pois é… fiquei pensando nisso também. Eu acho que eu estou demais nos outros.

    – Hum… continue

    – É como se os meus grupos fossem a minha referência de ser sabe? Eu sei quem sou enquanto estou com os outros, se não me sinto só e sem direção.

    – Perfeito, muito bom! O que você quer fazer com esta percepção?

    – Eu não sei direito, essa pergunta é difícil: “O que eu quero?” Sabe?

    – Sim

    – Acho que o que eu quero é me sentir “eu”, livre para ser quem sou, mesmo que me afrontem. E daí algo como “conviver” com o outro ao invés de pelo ou para o outro entende?

    – Muito, vamos começar então!

    Criar a identidade é uma tarefa pela qual todos passam. Algumas pessoas, por insegurança, por serem muito mimadas ou por serem altamente boicotadas no processo de individualização acabam por tentar criar a sua identidade nos outros. A pessoa busca ela, mas no corpo de uma outra pessoa.

    Existe, então, uma questão complexa porque ao mesmo tempo que ela possui desejos e vontades, termina por imaginar estes desejos – próprios – em relação à um outro, ou então simplesmente assume desejo de terceiros para si como se fossem próprios. Ao longo do tempo este esforço todo desmorona e a pessoa sente-se esgotada, com raiva das pessoas que não a deixam crescer.

    No exemplo acima, por exemplo, temos um caso de boicote, no qual os movimentos de independência foram boicotados e a pessoa sente-se mal em expressar seus próprios desejos e sentimentos. Quando o faz e é criticada fecha-se em copas novamente. Então um trabalho importante de ser realizado é o de ajudar a pessoa a responsabilizar-se pelos próprios desejos e desvincular estes desejos da aprovação de terceiros, aprender a checar o que faz bem para ela e o que não faz, o que ela quer e o que não quer.

    Com isto em mãos a pessoa começa a poder ter novos comportamentos para viver no mundo de acordo com o seu desejo. Ela passa, por exemplo, a modelar os outros ao invés de viver para os outros. Passa a responsabilizar-se pelos seus desejos ao invés de culpabilizar os outros por eles. Passa a manter-se de pé em uma desavença ao invés de sucumbir à menor das críticas.

    Constantin Stanislavski um ator e diretor Russo de teatro tem uma frase que é perfeita para esta situação, ele dizia: “Ame a arte em você”.

    O que ele queria dizer é que podemos gostar ou ver a arte dos outros, apreciar. Mas é a arte em nós o que realmente nos faz artistas. E criar uma identidade é como quando o ator cria um personagem, não há certo ou errado, mas há um caminho para ele percorrer, que somente ele pode compreender e experimentar. Cada um de nós é um ator, neste sentido buscando gerar o personagem que somos a cada fase de nossas vidas.

    Por isso, ame a arte em você e ela o guiará para si.

    Abraço

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