– Mas eu me acho feia! Não posso me sentir bonita só porque os outros querem!
– Eu entendo e concordo. Mas me diga: como você sabe que é feia?
– Ah, eu tenho olhos né?
– Claro e o que eles vêem em você que você entende como feio?
– Ah, tudo! Eu tenho umas marcas de varizes, meu nariz é meio esquisito e eu não gosto muito do meu cabelo.
– Entendi, o que mais?
– (silêncio) Ah… sei lá… acho que é isso assim.
– Hum… então você é feia poque tem umas marcas de varizes, seu nariz é meio “esquisito” e você não gosta muito do seu cabelo, é isso?
– É.
– Tá ok… bom… imagino que quando você vai se arrumar para sair, por exemplo, deve ficar um bom tempo olhando para o nariz esquisito e esse cabelo não é?
– Ai… nem me fale… às vezes a roupa está legal mas o cabelo mata tudo…
– Como assim a roupa está legal? Como pode ficar legal em você, você é feia! E feia é feia oras!
– Mas eu sinto que tem roupas que ficam legais em mim…
– Roupas que ficam legais… em você?
– É.
– Como poderia?
– Ai Akim, pô… sei lá… tem roupas que ficam bem no meu corpo oras…
– Isso não existe, tem roupas que realçam a beleza que o corpo já possui, mas deixar belo não faz.
– Tá, então é isso
– Hum, mas então quer dizer que o seu corpo possui beleza naturalmente e que algumas roupas realçam essa beleza?
– (silêncio) É…
– Olhe só que coisa… fico me perguntando: será que haveriam outras partes que você gosta em você e que não dá muito valor?
– Ah sei lá… talvez…
– Como seria se você também desse atenção para estes “detalhes”?
– Não sei… não consigo nem imaginar isso…
– Que te parece de tentar?
– Ai… tá… posso tentar então…
– Ótimo, vou pegar o espelho então para você se olhar um pouco.
[Ela se olha e começa a enumerar algumas partes que acha bela nela própria]
(Akim diz) – Então… como é olhar para as partes que você julga belas em ti?
– É… diferente… parece que não é verdade sabe?
– Sei, você sempre enfatizou somente um lado seu, talvez agora seja a hora de enfatizar outro… me pergunto: que outras coisas positivas além da beleza será que você não olha em você?
– (suspiro profundo) É… acho que você tocou um tema importante.
Aprender a se apreciar é algo muito importante e, infelizmente, muito mal visto hoje em dia. Embora vivamos em uma época que diz que devemos ser belos, elegantes e inteligentes se uma pessoa diz que é assim é tida como metida, “tá se achando”. Nada mais contraditório e errôneo, afinal, humilde é aquele que vê as coisas tal como são e quando se trata de auto-apreciação, se eu acho bela uma determinada parte minha – por exemplo – quem pode dizer o contrário? Isso não significa que todos vão concordar com você, no entanto, é importante sabermos ver a nossa própria beleza, inteligência, enfim apreciarmos nossas qualidades; isso alimenta a auto-estima e auto-confiança.
O grande “truque” é uma questão de foco. Pessoas que se acham feias e burras, por exemplo, geralmente colocam o foco em algo que não gostam em si ou em uma experiência mal sucedida ou em algum erro que cometeram e passam a vida toda olhando sempre para este mesmo defeito, termina que – com o tempo – este “detalhe” vira o “todo” e a pessoa passa a se identificar com o detalhe. No caso da beleza, por exemplo, a pessoa passa a se identificar com um ou dois “defeitos” que ela encontra em si ao invés de focar em todo o restante e nas partes que ela gosta em si. Assim ajudamos a pessoa a observar e valorizar mais as partes que gosta em si e aprender como lidar com aquelas que ela não gosta.
E você no que foca: no que te faz sentir bem consigo ou naquilo que te deprime em você mesmo?
Abraço
Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br