– Mas Akim, eu não entendo isso… eu sei que tenho que me colocar em primeiro plano, mas chega na hora eu estou lá de novo em segundo plano!
– Eu sei, vamos lá… quando você está com suas amigas como você faz para desejar, planejar e prestar atenção em si?
– (fica pensativa) Eu não sei direito… parece que quando estou com elas eu “me entrego”.
– “Se entrega”? Como assim?
– Ah, eu não fico pensando no que eu quero.
– Ahá, perfeito! Então você não pensa no que quer quando está com elas é isso?
– Sim.
– E como você faz para tomar decisões quando está com elas visto que não pensa no que quer?
– (fica pensativa)
– Hum… acho que daí eu simplesmente vou onde elas querem…
– Exato… veja, isso não está necessariamente errado, mas a questão é: você realmente precisa “não pensar no que quer” quando está com elas?
– Hum… acho que não né? Eu posso fazer os dois: “me entregar” e pensar no que eu quero.
– Pode sim, que tal lhe parece?
– Melhor que eu faço hoje, porque daí eu posso escolher o que eu quero fazer ou até dar opinião do que fazer!
– Excelente, que tal tentar isso ao longo da semana?
– Perfeito!
Este relato fala sobre o início de um processo de auto-valorização. Foi a primeira de várias sessões nas quais a cliente aprendeu a se colocar com amigas, família e conjugue valorizando a sua opinião, desejos e gostos. Um processo muito bonito e árduo.
Sim, árduo; valorizar-se não é um processo passivo, é um processo ativo e que exige da pessoa que o deseja. Exige que ela se coloque em primeiro lugar, deseje e realize seus desejos, preste atenção em si, se defenda, ame, corra atrás do que quer, lide com as conseqüências e saiba errar e reparar seus erros, peça perdão, saiba ganhar e perder e valorizar ambos com os aprendizados que eles tem.
Colocar-se em primeiro plano envolve uma atitude mental simples com muitas conseqüências – imaginar você com seus desejos antes de imaginar os desejos dos outros. Parece simples – e é – o que realmente faz as pessoas não fazerem isso são as conseqüências deste processo e todo o trabalho que ele envolve – citei acima alguns itens. É muito importante colocar-se em primeiro plano quando você está tomando decisões que o afetam diretamente, escolhendo seu destino, onde gastar o seu dinheiro ou onde investir o seu afeto.
Colocar-se em segundo plano é simplesmente seguir o que é dito. Também envolve aprendizados e conseqüências, muitas pessoas não sabem colocar-se em segundo plano e sofrem com isso. Alguns casos simples são pessoas que “tem que dizer o que pensam”, não importa se aquilo vai ser útil para ela, se importa ou se ela será ouvida. Muitas vezes é útil colocar-se em segundo plano como quando estamos percebendo que alguém realmente precisa de nossa ajuda e teremos que adiar algo que queremos para ajudar esta pessoa, ou quando não estamos tomando decisões que nos afetam diretamente e que são pouco importantes para nós, mas altamente importantes para o outro.
O problema surge – quase que sempre – quando a pessoa se engessa em uma atitude ou em outra. Quem se engessa em primeiro plano se acha o sol do universo, como se tudo dependesse dele, fosse para ele e se dirigisse à ele. Já quem se engessa em segundo plano é sempre o coitado do mundo, ninguém lhe presta atenção. É interessante notar que é possível sentir-se como coitado mesmo sendo uma pessoa engessada em primeiro plano: pois ela pode querer que todos sigam as suas regras e quando não o fazem, ela sente-se mal “ninguém quer brincar do meu jeito” e sente-se vítima.
Para fechar, vale a pena lembrar do seguinte: é sempre uma questão de resultado e de contexto quando colocar-se em primeiro ou segundo lugar. Se você estiver fazendo escolhas altamente importantes para você, que vão afetá-lo diretamente e que dependem de você, use a primeira pessoa, se não relaxe e “curta a onda”.
Abraço
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