– Preciso praticar a auto-aceitação Akim…
– Opa, que legal, o que você tem dificuldade de aceitar?
– Como assim?
– Ora, se você precisa praticar a auto-aceitação tem coisas em você que você não aceita não é?
– Hum… verdade… sabe… não sei direito, mas eu tenho dificuldade de dizer “não”, só que eu acho isso horrível em mim.
– Entendi…
– Eu acho que eu deveria ser uma pessoa bem diferente, colocando limites em todos e tal, mas de verdade… sou um bundão.
– (risos) Ah é é? Sei… bem, vamos lá… você consegue perceber situações nas quais você é “bundão”?
– Sim… várias…
– Então consegue reconhecer, perceber e validar que isso faz parte do seu comportamento, de você?
– Sim… acho que sim…
– Ótimo, isto é aceitar.
– Mas eu não gosto disso!
– Aceitar é uma coisa, concordar é outra.
– Hum… então eu não concordo com isso!
– Show, o critério que você me disse que queria expressar era colocar limites em todos! Isso é sempre possível?
– Não muito… às vezes é mais difícil.
– Sim, ao invés de pensar em você como um bundão, como você poderia pensar quando não consegue, visto que é muito difícil mesmo?
– Poderia pensar que tenho o que aprender ainda?
– Pode, como seria se você pensasse isso quando não consegue dar limites ao invés de se ver como um bundão?
– Bem melhor… consigo aceitar e concordar… Assim… em partes, sei que não é errado, mas quero fazer diferente ainda entende?
– Sim, e como te parece esta solução? Melhor que antes?
– Bem melhor mesmo… tira um peso das costas!
Existe uma diferença entre “aceitar” e “concordar”. Muitas pessoas fazem confusão com estas duas nomenclaturas.
Aceitar consiste em perceber algo que está ali da forma que está. Envolve o uso da percepção e da validação. Observo algo e valido que aquilo existe, literalmente coloco o na coisa percebida o valor de “real”, “existente”.
Concordar tem a ver com critérios. Envolve perceber algo, validar algo e avaliar de acordo com critérios pré-estabelecidos se gosto ou não daquilo, se concordo ou não com aquilo, se me faz bem ou não e por aí vai.
Quando falamos em “nos aceitar” estamos trabalhando com a noção de perceber comportamentos, sentimentos, pensamentos e atitudes que temos. Aceitar a forma pela qual vivemos a vida, nossas potencialidades, limitações, frustrações, coisas que gostamos, que não gostamos. Enfim, aceitar tudo o que percebemos de nós e em nós. Por esta razão quando dizemos “me aceitar” precisamo compreender do que estamos falando, pois não conseguimos captar o todo que somos com nossa razão.
No entanto, “aceitar” não significa gostar, concordar e querer manter. Podemos aceitar coisas em nós que não gostamos. Aceitar significa perceber, gostar significa avaliar. Sem a aceitação não é possível a avaliação, porém é importante avaliarmos de forma adequada para não reprimir algo que não gostamos.
Quando nos referimos à sermos aceitos pelos outros precisamos ter estes dois conceitos em mente, pois é possível que nos aceitem e que não gostem da forma pela qual agimos. A pessoa aceita o seu comportamento, ela o percebe e reconhece, mas não o valida. Aprender a lidar com esta dimensão da questão ajuda muito a pessoa a aprender a se relacionar e a lidar com aceitação ou rejeição.
Abraço
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