• 10 de abril de 2013

    Morte

    – Tenho pensado muito sobre a vida sabe? O tempo que temos aqui.

    – E o que você tem pensado?

    – Na verdade tenho pensado um pouco sobre a minha morte… me dá um medo isso… uma coisa estranha.

    – Fale mais sobre essa “coisa estranha”.

    – Quando eu penso que a minha vida chegou no fim me dá um frio na barriga… como se estivesse perdendo meu tempo sabe?

    – Hum… tempo para o que?

    – (pensativo) tempo para… não sei ao certo… acho que tem coisas que eu quero fazer, viver…

    – E tem feito, vivido?

    – Não…

    – Se você tivesse feito ou estivesse fazendo, como seria pensar na sua morte?

    – Mais recompensador

    – Recompensador?

    – Sim… é como se ela se tornasse um final digno de uma vida… dá para entender?

    – Eu consigo e como isso fica para você?

    – Fica como um chamado… entendi que preciso parar de enrolar a minha vida

    Quando se fala sobre morte geralmente entramos no tema do “medo do desconhecido”, gostaria de trilhar outro caminho, pois temer o que não se conhece é algo inconcebível, se a nossa mente não consegue fantasiar algo à respeito, não consegue temer. Se não conhecemos algo o que tememos não é esse algo, mas nossas fantasias sobre este algo.

    No que tange à fantasias em torno da morte, geralmente elas tem a ver com a vida que a pessoa levou – ou leva. Os sentimentos que ela tem em relação ao seu momento final geralmente são encontrados em larga escala durante a sua vida também, Stanley Keleman diz que a pessoa morre como viveu, sendo o ato de morrer o último “ato” que ela irá realizar em vida.

    Assim é interessante porque pensar na morte é uma forma “invertida” de pensar na vida. Invertida porque pensamos no fim para repensarmos o “meio”, geralmente a reflexão sobre a morte – a boa reflexão – se traduz, mais tarde, na aquisição de novos valores, novos comportamentos e atitudes, na necessidade de reconstruir relacionamentos com pessoas importantes, enfim, de reorganizar a vida da pessoa em prol de uma experiência de vida mais significativa.

    É como se a morte fosse um teste: estou vivendo a minha vida, hoje, de uma forma que me dá significado? Se eu morresse agora, morreria feliz? Não conseguimos experienciar a morte enquanto humanos pois não temos nenhuma experiência dela, assim nos pensarmos mortos tem um significado profundo no qual nos imaginamos com todas as possibilidades exauridas, e, em posse desta visão, refletirmos as possibilidades que estamos vivendo: elas realmente valem à pena? Elas realmente me trazem o que preciso? Não se trata, necessariamente de novas escolhas, muitas vezes é, simplesmente uma nova forma de viver, um novo jeito de olhar o que já se vive.

    Abraço

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