– Me sinto envergonhado quando vou falar com eles.
– O que te causa vergonha?
– Sei lá… eu acho que o que eu vou dizer para eles não é muito interessante… eles podem rir de mim ou não se importar.
– Isso já aconteceu com você antes?
– Na verdade não…
– Onde aprendeu, então, que o que você vai dizer não é interessante?
– Não sei ao certo… fico com medo que seja.
– Você acha o que tem a dizer interessante?
– Várias vezes… às vezes eu vou lá todo empolgado, daí olho para eles e fico quieto.
– Entendi. Quando olha para eles imagina os risos ou a falta de interesse?
– É…
– Na pior das hipóteses, se eles rissem ou mostrassem falta de interesse; você saberia como lidar com isso?
– Acho que não, acho que eu ficaria muito mal.
– Então temos que te ajudar a lidar com isso não é?
– É… acho que se eu me sentisse seguro de que acho aquilo legal mesmo que alguém ria ou deboche ou poderia falar e daí ia retrucar ou rir junto com eles ou tirar sarro de quem riu do que eu falei.
– Hum… você já fez isso antes?
– Sim… em alguns momentos inspirados… (risos)
– Perfeito, vamos começar por aí então…
A vergonha é uma emoção na qual a pessoa – geralmente – atribui um valor negativo ao seu comportamento ou as conseqüências que vão advir do seu comportamento, este valor negativo faz com que ela não tenha o comportamento que deseja ter.
Este valor negativo pode advir de uma pessoa importante que lhe ofereceu este valor (um pai ou mãe que lhe diz que é feio dizer que é falta de educação retrucar), por uma experiência negativa que a pessoa teve no passado ou por uma percepção errônea que a pessoa faz das conseqüências de seus comportamentos.
A vergonha está intimamente ligada com dois fatores: saber como reagir à possível “cena temida” (a reação pode ser desde um comportamento até uma nova forma de perceber a situação) e desorganizar o valor negativo associado ao comportamento que se deseja ter (por exemplo, retrucar por ser inadequado muitas vezes, porém as vezes deve ser feito, então nem sempre é feio fazer isso). Além disso também vale a pena verificar – como já foi dito – se a vergonha é causada por uma referência interna – a pessoa acha isso vergonhoso – ou se foi algo recebido de alguém – seus pais achavam aquilo vergonhoso – se a situação for com relação à terceiros é importante fazer com que a pessoa coloque a sua percepção acima da dos outros.
Também é interessante perceber que a vergonha pode ser associada à identidade da pessoa -sinto vergonha de mim. Este caso é muito interessante pois, geralmente, tem a ver com uma generalização que a pessoa faz. Ela fez ou tem o hábito de fazer algo que a envergonha, e como faz habitualmente acaba por rotular-se como motivo de vergonha. Precisamos desfazer esta associação e, então, ajudar a pessoa a perceber o que a faz ficar envergonhada e criar alternativas para isso. Uma vez que consiga criar todas estes recursos a pessoa terá mais liberdade para escolher o que fazer.
Abraço
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