– Não sei se posso confiar nele!
– Eu sei e concordo, de fato não sabe…
– Ai, mas o que eu faço então! Largo ele?
– Não… tem que se certificar se consegue e pode confiar nele.
– Mas como?
– Vamos lá: o que você espera de um homem e como vai perceber se ele faz isso?
– (pensativa) Ah, por exemplo: quero que ele seja carinhoso: ligue para mim, me convide para sair.
– Ótimo, ele faz isso?
– Sim!
– Perfeito, nisso você pode começar a confiar!
– Hum… entendi… e daí eu tenho que fazer isso com tudo o que eu quero e espero dele?
– Perfeito, você é rápido nisso, muito bom!!
– (risos) É… eu entendo… parece então que eu não vou poder confiar nele 100% ainda… tenho que observar um pouco mais como ele é, é isso?
– Exato… nos seus relacionamentos anteriores você se jogava e depois ficava remoendo as pitangas, daí você me contou que ficou dura de pedra, sem acreditar em nada… agora, quem sabe um meio-termo? Observar e ver o que de fato dá para esperar dele?
– É… me parece mais plausível não é?
– Muito bem!
Confiar é uma atitude importante para qualquer relação. No entanto, ela é muito mal-entendida pelas pessoas.
Entende-se que quando uma pessoa “confia” na outra, esta outra “fará a coisa certa”. Mas como é definida essa “coisa certa”? As pessoas, em geral, depositam as suas expectativas de comportamentos nessa “coisa certa” e colocam este outro como alguém que vai atender aos seus desejos e necessidades pessoais. Logo após isso vem a desilusão, ou seja, a pessoa percebe que o outro não se comportou “da forma certa” e perde a confiança.
No filme “Piratas do Caribe” um argumento cômico, porém sensato do capitão Jack Sparrow que diz que ele pode ser confiável por ser desonesto, pois sempre pode se esperar de alguém desonesto ser desonesto, já o honesto não, você nunca sabe se ele se manterá honesto ou poderá vir a tornar-se desonesto.
Este argumento explica um pouco da lógica da confiança: podemos confiar no que a pessoa demonstra de si e nada mais. Em outras palavras: ao invés de colocarmos na pessoa o que nós gostaríamos que ela pensasse ou fizesse devemos observar o que de fato ela faz e pensa à fim de saber que nisto que ela faz e pensa de fato é que podemos confiar. Isso se dá porque confiança tem a ver com comportamentos, competências que, de fato, existem. Não posso confiar que uma pessoa que nunca tocou um negócio e não tem experiência nenhuma com isso vá se dar bem na primeira empresa porque ela não demonstrou competência nesta área. Posso confiar nas habilidades que ela tem de aprendizagem, de organização, vendas, flexibilidades e entender que, com isso, ela tem grandes chances de se dar bem. Além disso vale lembrar que confiança não é sinônimo de certeza de comportamento. “Confio em você” não significa que a pessoa vai agir assim sempre mesmo que seja algo que ela já faz.
Assim, fica a dica para quem deseja aprender a confiar de uma forma mais segura, mais adulta. Observe as pessoas, veja como elas agem nas situações que a vida coloca para elas. Perceba se suas palavras vão de encontro ao que fazem ou não, conheça as pessoas. Ao conhecer você pode confiar no que elas já mostraram que fizeram e não no que você gostaria que elas fizessem. Lembre-se sempre disso: o que você deseja do comportamento de uma pessoa é uma coisa, o que ela é capaz – ou desejosa – de dar é outra.
Abraço
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