– Eu vim aqui hoje para conversar com você sobre algo que eu tenho que fazer…
– Perfeito, vamos lá, como posso te ajudar?
– É o seguinte: eu tenho que fazer isso, mas estou com medo de fazer isso…
– Como você sabe que tem que fazer isso que acha que tem que fazer?
– É simples Akim: eu posso não fazer, mas nunca mais ia conseguir me olhar no espelho de novo. Portanto, tenho que fazer.
– Entendi. Medo do que você tem?
– Meu medo é de que, ao fazer, eu seja rejeitado sabe?
– O que vale mais: ser rejeitado ou manter a sua integridade?
– Integridade…
– Se você for rejeitado, me parece que a pessoa que pode te rejeitar prefere que você perca a sua integridade ao invés de mudar os hábitos dela não é mesmo?
– É bem por aí…
– Desta forma te pergunto: para que você quer agradar uma pessoa que deseja que você perca a sua integridade?
– É… verdade…
– Talvez o “medo” que você esteja sentindo é aquele frio na barriga que dá em todos nós antes de realizarmos algo por total e completa escolha. Você disse que poderia viver sem isso, mas que escolhe fazer porque quer se olhar no espelho com dignidade… Escolher de forma livre é angustiante…
– Pois é… estou vivendo isso até o osso!
– Verdade…
“A integridade. Ela é pequena e frágil e é a única coisa no mundo que ainda vale a pena se ter.” (Do filme “V” de Vingança)
O caso acima me tocou. Trata-se de uma pessoa que já estava fazia tempos buscando uma solução para melhorar sua vida pessoal e conjugal. Ele encontrou a solução. Começou a buscá-la de uma forma tímida, algumas vezes voltou atrás, mas chegou num momento em que decidiu ir adiante… e foi.
Como em toda a jornada o herói encontra uma situação na qual precisará fazer uma escolha a qual, geralmente, é entre seus medos e seu coração. Se o herói escolhe seus medos ele dá um passo para trás, fica naquele lugar que ele já conhece de cor e “senta-se para esperar a morte”. Se o herói escolhe seu coração ele deverá lutar por sua integridade, sair do banco dos reservas e jogar o jogo, obviamente, como todo jogo, ele não sabe onde ele irá terminar.
Este é o medo que se segue à todos que escolhem este caminho. O “frio na barriga” antes de um grande salto, de iniciar uma cantada, de mudar de emprego, de pedir a mão de alguém em casamento, de dizer sim, de dizer não, de iniciar um novo negócio, de se separar, de julgar alguém, de perdoar, de viver. Todos estes atos e todos os outros inúmeros que não listei: pequenos atos que mostram nada mais nada menos que algo etéreo: uma escolha. Algo que não se consegue ver, sentir ou tocar, mas que define uma vida toda.
Manter-se firme à sua escolha é onde a integridade assume seu papel. E isso é o que mais toca um ser humano: escolher de forma livre. Ter em mente que podemos fazer exatamente o que desejamos e desejar por algo em específico sabendo que este algo não é certo ou errado, sagrado ou profano, mas simplesmente uma manifestação de quem somos – que é algo frágil e fugidio, e muitas vezes nem nós sabemos dizer quem somos – é o que dá o “frio” na barriga e, ao mesmo tempo, depois que fazemos é o que nos dá a sensação de sermos quem somos e isso não tem a ver com o sucesso ou fracasso da empreitada, mas com a realização do nosso ser.
Exercitar a integridade nada mais é do que se fazer uma pergunta simples: de acordo com os meus princípios o que devo fazer? E então fazer. Quais as forças que são mais fortes em mim: sabedoria, auto-controle, coragem? Eu estou empregando estas virtudes de uma forma integrada com meus valores ou estou simplesmente indo com a maré?
Abraço
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