• 8 de julho de 2013

    O ciumento

    – Ah Akim, eu não consigo simplesmente desligar disso.

    – Eu sei, você precisa ficar verificando não é mesmo?

    – Sim.

    – Me diga uma coisa: você se acha “traível”?

    – Quem não é?

    – Você tem razão, todos podemos ser traídos, mas nem todos se colocam no papel de traído antes do tempo.

    – É verdade também…

    – Você já parou para pensar que ela tem coisa melhor para fazer do que ficar o tempo todo pensando em formas maquiavélicas de te enganar?

    – Já.

    – Perfeito… o que, então, realmente faz você ficar pensando que está sendo traído o tempo todo?

    – Eu mesmo?

    – Sim, mas de que forma?

    – Hum… não sei ao certo…

    – Me diga uma coisa: você sabe aprovar o seu comportamento, os seus desejos e defendê-los de forma adequada?

    – É… mais ou menos, mais para menos eu diria.

    – Pois é… quando você pensa em si mesmo o que pensa é algo positivo, você tem vontade de cuidar de si ou quer que os outros o façam.

    – Segundas opções Akim… entendi já onde você quer chegar, concordo…

    Ciúmes… existe uma parte do ciúme – quase sempre presente – que é altamente perniciosa e maléfica: a baixa auto-estima.

    A baixa auto-estima está sempre acompanhada de uma auto-imagem que a própria pessoa despreza e desqualifica. É quando fazemos algo e no minuto seguinte estamos denegrindo o que fizemos nos dizendo “mas você não tem jeito mesmo”. Esta forma de agir, quando é um hábito mostra uma auto-imagem “negativa”.

    Assim sendo, na maior parte dos casos de “ciumentos” preciso trabalhar com este componente para que a pessoa possa viver uma vida melhor. Paradoxalmente trabalhar o ciumento, neste caso, envolve trabalhar muito pouco com a relação e muito com ele, como ficou claro no exemplo acima. Quando começo a trabalhar com um ciumento a primeira coisa importante em se perceber é essa tal da “auto-imagem” e como a pessoa explica para si mesma situações como levar uma negativa da pessoa amada, a demora em responder uma mensagem ou uma crítica. Estes dois fatores juntos já dão muito pano para manga.

    Ocorre que quando a pessoa passa por uma frustração na relação e explica ela para si mesma como uma possível traição do outro ela estará sempre em estado de alerta e perigo. Uma cliente, por exemplo, vivia achando que o marido estava traindo ela toda vez em que ele não respondia as mensagens que ela enviava pelo celular, quando perguntei qual a profissão do marido e ela respondeu que ele era professor eu perguntei: “escute, será que de vez em quando ele não está dando aula quando não te atende?” As explicações que damos à nós mesmos tem um efeito poderoso sobre a forma pela qual nos relacionamos com as situações, determinando, inclusive as emoções que sentimos.

    A outra parte é um pouco mais delicada do que a primeira que consiste basicamente em reorganizar a estrutura das respostas. No entanto, quase sempre, ao aprofundar o primeiro trabalho vamos cair neste segundo que é o trabalho para aumentar a auto-estima e melhorar a auto-imagem da pessoa. Me recordo de uma estudante que tinha grandes sonhos e era muito inteligente, ela queria seguir carreira na área médica e fazer pesquisas, porém no seu cotidiano ela estava sempre fazendo qualquer coisa além de estudar. Obviamente ela se sentia incomodada e um tanto “falsa” consigo mesma, quando comecei a investigar como seria se ela fizesse uma semana da “coisa certa”, ela disse que seria ótimo, quando fez voltou e disse que estava se sentir “super” com ela mesma.

    Na continuidade do trabalho descobrimos que sempre que ela pensava em si, achava-se um fracasso. Suas ações estavam correspondendo à isso e ela estava começando a concretizar a profecia, mas então começamos a questionar aquela imagem e ela pode começar a enxergar outras coisas em si além do fracasso, na verdade, começou a perceber que o “fracasso” nada mais era do que erros ou expectativas frustradas que ela teve ao longo da vida e que, frente à isso, ela poderia, a partir daquele momento, começar a refletir sobre o que fez e fazer diferente ao invés de simplesmente dizer-se: sou um fracasso. Trabalhamos com outros aspectos da sua auto-imagem de forma semelhante para que ela conseguisse começar a mudar a sua auto-imagem e auto-estima. quando isso ocorreu ela começou a ficar bem menos ciumenta, tratava o namorado de igual para igual e não precisava mais ficar vigiando ele.

    Se você é ciumento, pare de olhar para o outro e pense em você. Como você se percebe: uma pessoa digna de amor ou uma pessoa passiva de traição? Se sua resposta for a segunda pense em como você pode se amar mais. Muitos cliente me relatam isso da seguinte forma: “estava doido para dar uma olhada no facebook dela, mas daí parei, respirei e me disse: você vale mais do que isso! E me acalmei”. Esta acalmar-se é a garantia de que você se ama, não de uma forma egocêntrica, mas sim de afeto mesmo, não fazer para si coisas que te magoam, que te fazem parecer um idiota segunda a sua própria perspectiva, respeite-se e o respeito do outro virá como conseqüência.

    Enquanto melhora a sua auto-estima lembre-se de se dar novas explicações sobre o porque seu conjugue está fazendo o que está fazendo. Pergunte-se: “se eu acho que ele está me traindo porque não atendeu o telefone, quem sou eu? Uma pessoa digna de amor ou uma pessoa digna de ser traída?” E deixe o ciúmes para lá, vá fazer algo que mostre a você mesmo que você é digno de amor.

    Para maiores detalhes e acompanhamento, procure por um psicoterapeuta! Sempre ajuda!

    Abraço

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