– Akim, preciso dizer uma coisa para você.
– Então diga lá
– Esta semana estava pensando um pouco sobre como eu resolvo as coisas na minha vida
– E aí?
– Percebi que eu gasto um bom tempo meio que de molho “esperando algo acontecer” sabe?
– Sei
– Mas que no final é sempre a mesma coisa: quando eu paro e digo “tá o que eu vou fazer com isso” é que começo a resolver as coisas
– Perfeito! Concordo contigo! O que você pode deduzir disso?
– Simples né? Obvio na verdade: sou eu quem tem que resolver os meus problemas!
Durante um processo de terapia geralmente chegamos em um momento no qual a pessoa entende algo: “ninguém está vindo”.
“Ninguém está vindo” para salvá-la de seus problemas e dar um tapinha nas costas mágico que vai curá-la de seus problemas. O fim desta fantasia é importante para o processo de terapia porque faz com que a pessoa “caia na real” e passe a enxergar os seus problemas como seus e a enfrentá-los.
A briga com o passado ou com o mundo tal como é, geralmente é um fator que expõe a pessoa à crises e depressões visto que ela não tem poder para mudar esses dois fatores. Assim sendo, enquanto o foco dela permanece sobre estes fatores a tendência é que ela sinta-se cada vez pior e mais desamparada, esperando por algo que vai salvá-la. Em consultório eu gosto de fazer um jogo de palavras com “descobrir” a resposta e “criar” a resposta.
Quando pensamos em descobrir achamos que a resposta já está pronta e que devemos “cavar” ou “procurar” por ela até encontrarmos. É uma atitude um tanto passiva visto que a resposta está já pronta e o meu problema torna-se: encontrá-la e reconhecê-la, mas de onde saiu esta resposta? Quem a colocou “ali dentro de você?”.
Quando pensamos em criar uma resposta geralmente as pessoas sentem náuseas de angústia, porque elas são colocadas frente à frente com o problema de uma forma muito crua. “O problema está aqui: o que você vai dar como resposta?” E então a pessoa precisa usar o seu raciocínio, os seus recursos para elaborar uma forma de agir frente à situação, envolve a criação de metas, a compreensão e explicação pessoal do problema e a organização dos recursos pessoais para conseguir criar a resposta e usar a resposta avaliando ainda se ela surtirá o efeito desejado e ajustar o curso da resposta ao longo do tempo. Dá muito mais trabalho não é?
No entanto é muito mais libertador também porque nos retira da tirania da descoberta. Creio que criar é muito mais interessante do que meramente descobrir. E, também, a própria descoberta é, por si só, um processo de criação. Os cientistas “criam” experimentos para “descobrir” algumas verdades sobre o mundo. Na verdade não descobrem, mas sim “criam” as verdades pela forma que olharam para elas. O fator principal, no entanto, é sair da atitude de que alguém está vindo me salvar e ficar passivamente esperando esta coisa ou pessoa e partir para a ação.
Isso não significa que você está só, mas sim que está só com a sua vida e com os seus problemas. Não significa que não poderá pedir ajuda, mas sim que a ajuda pode “te mostrar a porta, mas é você quem deve caminhar para dentro”. Lembre-se: os seus problemas e situações são seus ninguém está vindo para tirar isso de você, então, mãos à obra!
Abraço
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