• 15 de julho de 2013

    Estar só

    – Me sinto muito sozinho

    – Porque não sai com alguns amigos então?

    – É que quando estou com eles é divertido, mas também não fico lá muito empolgado.

    – Entendo, precisa aprender a ficar de bem com você mesmo então é?

    – Será que é isso?

    – Não sei, o que me diz?

    – Não sei o que dizer para você.

    – Hum… me diga então se neste momento você está pensando no que acha ou no que eu gostaria de ouvir.

    – Acho que no segundo.

    – “Acho que no segundo”, perfeito!

    – (Risos) É… entendi.

    – Muito bem, então me conte assim: em quem você tem que focar para ficar bem sozinho?

    – Em mim não é?

    – Está me perguntando ou afirmando?

    – Em mim!

    – Então, focando em você pense em algumas coisas que você poderia fazer e que mesmo que não tenha ninguém por perto você vai gostar

    – Ok…

    Estar só é uma arte; a arte de saber guiar-se pelo seu próprio pensamento.

    As pessoas que não gostam de estar sozinhas geralmente concebem diversão, afeto e uma boa vida somente na presença de outras pessoas. Obviamente relacionar-se não é um problema, longe disso, no entanto é importante sabermos ter um espaço só nosso.

    A necessidade disso se deve ao fato de que existem necessidades, desejos e intenções que são somente da pessoa, não podem ser compartilhadas. O que sentimos é da nossa pele para dentro, cada um vive a sua própria experiência. Assim sendo é importante que a pessoa consiga desenvolver um repertório próprio, pessoal e intransferível que trate dela para com ela.

    Joseph Campell famoso mitólogo fala disso como ter o seu “espaço sagrado”, que pode ser um local, uma certa hora do dia ou uma certa atividade na qual a pessoa se desconecta de tudo o que está ao seu redor e foca na sua experiência. Isto é muito diferente de solidão, que é uma sensação de estar sem ninguém por perto que é desalentadora. A solidão é resolvível com a presença de outras pessoas e se configura com uma das necessidades humanas de termos pessoas de quem gostamos ao nosso redor.

    Se você não consegue ficar só comece pensando em absolutos: o que você faria se uma guerra biológica matasse todas as pessoas e só sobrasse você aqui? Que atividades fariam você ficar bem? Que pensamentos iriam deixá-lo feliz? O que você conseguiria fazer mesmo que ninguém fosse ver e ainda assim sentir-se satisfeito?

    As pessoas que “não conseguem” ficar sozinhas na verdade fazem em suas mentes uma superestimação do que os outros representam, dos valores dos outros e do desejo dos outros. De uma forma mais simples: pensar nos outros é mais tentador do que pensar em si, daí o problema. Assim sendo quando se começa a dar mais valor à si e superestimar o seu próprio desejo, os seus valores e comentários a pessoa consegue ficar sozinha e ficar feliz.

    O efeito não tem como objetivo distanciar-se das pessoas, mas sim aproximar-se de si. Este é, inclusive, o critério para diferenciar o “estar só” de isolamento. Isolar-se é não conseguir relacionar-se com os outros, estar só é conseguir manter um contato saudável consigo.

    Abraço

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