• 18 de setembro de 2013

    Vaidade

    – Aí eu fui lá e postei né?
    – Sim.
    – Depois eu fui com um amigo meu dar uma volta no parque e esqueci o telefone em casa, quando cheguei fui ver quantos tinham curtido
    – E aí?
    – Tragédia né? Cara… ninguém deu um likezinho sequer!!
    – Ah é? E aí?
    – Ah, daí tirei aquela porcaria de lá!
    – Ah é? Hum… e porque isso?
    – Simples: se ninguém quer ver, porque coloco isso lá?
    – Porque, de fato? Porque você posta o que posta?
    – Porque você está me perguntando desse jeito?
    – Você sabe porque, não sabe?
    – Hum… tem a ver com minha auto-estima?
    – O que você acha? Pare e pense: eu tiro as coisas do MEU facebook porque os outros não dão like it. Fico pensando o dia que você tiver uma casa como será feita a decoração dela…
    – Tá… é verdade… entendi… Porra, mas porque é tão difícil para mim isso?
    – Qual o problema em não receber as curtidas?
    – Sei lá, parecia uma falha minha entende?
    – Entendo, mas é, de fato uma falha? Uma falha no que?
    – Porque daí eu não sou olhado com desejo e eu acho que eu… preciso disso sabe?
    – Sei, mas quem é que precisa se desejar?
    – Eu sei, sou eu não é?

    “Fazer algo que eu não quero, para mostrar para pessoas com quem eu não me importo que sou uma pessoa que eu não sou”.
    A frase forte parece fazer total sentido hoje em dia, mas porque a vaidade tem se tornado tão forte?

    Nossa sociedade tornou o indivíduo o ponto mais importante da sua cultura, tudo gira em torno do indivíduo: suas opções de vida, seus afetos, suas compras, sua auto-imagem. O ponto benéfico disso foi que deu-se valor à pessoa, aos desejos individuais, aprendemos a ter liberdade para agir conforme desejamos. O que vemos, no entanto, é que isso está valorizado de uma forma desproporcional, ao ponto em que inverte-se o quadro que existia antigamente: se antes tínhamos a sociedade em primeiro lugar e o indivíduo em segundo, temos hoje o individual em primeiro e o social em segundo e isso abre espaço para a vaidade tal como está hoje.

    Ocorre que a imagem do indivíduo torna-se muito mais importante do que realmente é. Portanto a vaidade torna-se uma arma e uma “necessidade” social. Aparecer – e aparecer dentro do que se considera aparecer “bem” – torna-se algo vital para as pessoas. As redes sociais são exemplo disso quando as pessoas dão ou tiram valor de suas próprias atividades mediante à quantidade de “like it” (“curtir”) que suas postagens possuem. Como no caso acima: “vou parar com isso porque não recebi likes”. A imagem projetada e “curtida” torna-se mais importante do que a experiência interna da pessoa, ou pior: apenas torna-se adequada mediante aos “curtir” recebidos. Paradoxalmente isso faz com que o excesso de individualismo nos traga uma versão repaginada e atualizada da importância que o social possuía anos atrás.

    O que fazer com a vaidade?

    Vamos entender que a vaidade é a forma pela qual a pessoa lida com a imagem que possui. A quantidade de atenção e a qualidade de atenção dedicada à auto-imagem, ao que aparece e que não aparece desta auto-imagem. Apenas isso, sem julgamentos morais.
    Entendida desta forma precisamos checar inicialmente qual o foco da auto-imagem: interno ou externo. Ou seja, a preocupação da pessoa é com o que ela deseja ver ou com o que os outros desejam ver? Este primeiro ponto é importante para entendermos a direção com a qual a pessoa filtra quem ela é.
    Um segundo ponto importante é: qual o objetivo da minha auto-imagem? Emocionalmente falando sempre mostramos facetas de quem somos de maneira à gerar um resultado. Mesmo que isso seja feito de forma inconsciente ainda assim é muito poderoso. Aí então entra a pergunta para refletirmos se desejamos alcançar uma percepção mais limpa e adequada de nós mesmos, mostrando quem somos para nos relacionarmos melhor ou se nossa preocupação está em sempre mostrar alguém perfeito e sem defeitos para ser amado por todos o tempo todo.

    Estas duas perguntas são um “start” para você aprender a se posicionar em relação à sua auto-imagem: interna ou externa? “Sincera” ou buscando aprovação? Estes dois elementos são fundamentais para saber se você precisa trabalhar com a sua vaidade e auto-imagem. Quando a balança pende demais para o externo e busca de aprovação é importante checar a sua auto-estima porque, provavelmente ela está precisando de ajuda.

    Abraço
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