• 14 de outubro de 2013

    Eu, refém de mim

    – Mas eu fico achando que ela vai brigar comigo sabe?

    – Sei… bem, vamos pensar assim: caso ela o faça você já sabe que tem que se defender não é mesmo?

    – Sim.

    – E caso, ela não faça: o que isso significa?

    – Como assim.

    – Veja bem, se você acha ou “tem certeza” que ela vai brigar com você pelo que você quer fazer e ela não o faz, o que isso significa?

    – Que é “coisa da minha cabeça”?

    – O que você acha?

    – Acho que às vezes eu tenho mais medo da namorada que eu carrego dentro da minha cabeça do que dela de verdade!

    – Eu também acho, até porque já é a terceira namorada que acontece a mesma coisa não é mesmo?

    – Sim!

    – Então, meu caro, até quando você vai ficar ouvindo as imagens aí dentro da sua cabeça que te mandam parar, não fazer, ficar quieto? Quando vai enfrentá-las?

    – Vou começar a partir de agora

    – Agora gostei!

    Carregamos dentro de nós muitas pessoas. Algumas de uma forma que nos ajuda outra nem tanto.

    O fato é tão impressionante que mesmo uma pessoa que já morreu permanece em nossa memória nos dizendo para fazer ou não fazer alguma coisa e seguimos fielmente as instruções. Não é preciso nenhum tipo de psicose para que o fenômeno ocorra, todos nós vivemos isso de uma forma ou de outra, a grande questão é se aquilo que mantemos dentro de nós sobre pessoas importantes para nós é algo útil ou não.

    Me lembro do caso de uma mulher que só introjetada aquilo que a denegria. Ela tinha “dificuldades para ouvir elogios”, porém era expert em ouvir e gravar críticas. Acontece que este tipo de comportamento acaba por manter a pessoa sempre dentro de um referencial muito pequeno de competência e de vida. Como ela sempre ouve a parte que manda ela “frear”, “parar” ou “ficar quieta”, termina por bloquear demais a sua auto expressão.

    Em alguns casos este bloqueio se torna tão severo que a pessoa passa a não desejar mais sonhar ou pensar: “já que não vou fazer nada com isso, porque pensar, porque sonhar, porque ousar?” É a pergunta franca e honesta que se fazem e a resposta é: “não adianta fazer isso, não vou “perder meu tempo”.

    No entanto, a frase, de fato é sempre colocada da seguinte maneira: “já que os outros não vão…. porque me dar o trabalho?” A réplica é simples: “quem disse que os outros tem que te… (aprovar, ajudar, endireitar, querer fazer por você)?” Geralmente as pessoas se tornam mais pensativas sobre a sua forma de pensar quando lhes faço esta pergunta. O fato é que elas mesmas estão dizendo isso para elas dentro de suas mentes. Nem sequer chegam à experiência para ver se o outro vai, de fato, dizer não. E em outras vezes nada mais é do que uma bela fuga para não entrar em conflitos.

    O fator primordial que é esquecido é de que a auto-expressão fica prejudicada se a pessoa não fizer isso, que ela está aprisonando-se dentro dela mesma – esta frase é horrível tanto na gramática quando na vida real – o que é um crime emocional. Aprender a questionar as “vozes dentro da cabeça” assim como as crenças e ideias fundamentais que as suportam é importantíssimo no processo de liberdade da expressão pessoal. Aprender que as pessoas não precisam aprovar você sempre, que você pode fazer coisas sozinho, que não aprovação não significa não amor são alguns dos aprendizados que ajudam as pessoas a agirem com mais liberdade em suas vidas.

    Abraço

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