• 25 de outubro de 2013

    Limites do eu

    – Pois é Akim, eu nunca pensei que ir à lugares diferente pudesse ser tão bom!

    – É né? O que mais você está aprendendo?

    – Então… indo em lugares novos a gente ouve música nova, vê roupas diferentes e conhece pessoas novas também né?

    – Hum… pois é, não é?

    – É! “Big é” rsrsr… eu comecei a ver que eu era muito limitada sabe? Ao meu mundinho, minhas revistas e tal, aprendi que o mundo é bem maior que eu pensava.

    – De fato é, e como este mundo grande está ajudando você?

    – A saber que eu posso ser mais… conheci uma menina num café que eu fui que me disse que ela saia sempre e que os pais dela nunca ficaram brabos. Pensa meu pai não ficando brabo comigo saindo… seria um sonho né? E eu descobri que isso existe! Pensa!

    – Penso… que diferença isso deve fazer para você não é mesmo?

    – Nossa… muita… agora nem me sinto mais tão culpada de sair rsrsr

    – Legal!

    O que é o “eu”?

    Embora seja algo muito claro hoje que o “eu” está relacionado com aquilo com o que conseguimos nos identificar a pergunta que sempre se mantém é: seria a identidade apenas algo “interno”? Como o meu mundo afeta a minha noção de “eu”?

    Trouxe o exemplo da cliente acima por um fator simples: ela se sentia uma péssima filha por sair à noite. Porque? No universo de valores da família dela aquilo era visto com maus olhos, era, de fato, algo “tolerado” e não incentivado ou normal. Quando esta menina conheceu um outro sistema de valores as perguntas que ela começou a se fazer foram: “bem, então não sou uma pessoa ruim?” O limite que ela tinha de si aumentou devido à exploração que ela fez do mundo.

    Existem pesquisas que mostram que relacionamentos “tóxicos” afetam a qualidade de vida assim como predispõe a pessoa à uma maior possibilidade  em ter um ataque cardíaco. Outras pesquisas mostram que ter pessoas com depressão no seu círculo amplo de amigos – amigos dos amigos – aumenta a sua chance de ter depressão também. Ou seja, não somos apenas um organismo isolado do nosso meio ambiente, assim sendo, a nossa concepção de “eu” também não é.

    Isto é diferente de dizer que o meio nos determina, existe uma relação entre o meio e o organismo onde é muito complexo definir qual dos dois possui maior influencia. A menina do meu exemplo poderia ser uma “rebelde” ao invés de uma “péssima pessoa” e raciocinar de acordo com suas próprias ideias. Creio que a relação que a pessoa estabelece com o seu meio é fator fundamental e não um ou outro de forma isolada como forças de oposição.

    Assim o nosso “eu” é criado com nossas percepções, pensamentos, emoções, história de vida e com o meio que nos circunda, com as pessoas, com o ambiente e com aquilo que deixamos no ambiente. “Ser” é algo mais complexo do que o organismo ao qual nos acostumamos a nos identificar. De uma certa forma é “pequeno” nos resumir dento de nossa pele quando sabemos que aquilo que está ao nosso entorno também nos define.

    Não termos consciência de algo não é um fator que proíbe a identificação como já se sabe, portanto, não estarmos cientes de que algum fator ambiental nos ajuda a perceber quem somos não impede o processo. É importante que as pessoas tomem consciência de quem são em vários níveis, de várias formas e entendam o quanto isso aumenta a sua percepção de eu ao invés de diminuir. O quanto isso aumenta a sua responsabilidade pessoal ao mesmo tempo que liberta também.

    E como disse um grande terapeuta uma vez: Não pense que você está limitado ao que você pensa que você é.

    Abraço

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