• 28 de outubro de 2013

    Paz interior

    – Eu tenho tentado buscar a minha paz comigo mesmo sabe?

    – Sei, o que você tem feito?

    – Bem, você sabe que eu gosto de meditar, então durante a meditação eu penso em algo que estou em conflito, que está me incomodando.

    – E daí?

    – Daí que eu tento me tranquilizar em relação aquilo?

    – De que forma?

    – Bem… eu busco relaxar, aceitar o que estou fazendo, o que estou sentindo e me pergunto o que eu quero com aquilo sabe?

    – Sei e como a paz vem?

    – A paz tem vindo quando tudo isso fica como que integrado sabe? Quando eu paro de ficar ansioso ou brabo comigo por causa do que eu fiz ou estou fazendo. É tipo uma aceitação que pode querer mudar.

    – Entendi, muito bom isso hein? Como estão os resultados?

    – Muito bons… acho que era isso que eu precisava em terapia sabe?

    – Com certeza!

    O que é a paz interior que tantas pessoas querem?

    Uma forma simples de entender “paz” interior é de perceber um ser que não está em guerra consigo próprio. Se não existem conflitos temos que supor que não há guerra e, portanto, existe paz. Embora pareça simplista, pense em quantas vezes você lutou contra algo que estava pensando, sentindo ou querendo fazer? Quantas vezes esta luta se deu por causa de valores que não tinham nada a ver com o contexto no qual você estava? Tudo isso se relaciona com a paz interior.

    Quando não se consegue aceitar um sentimento, um pensamento, um desejo precisamos frear este impulso e afastá-lo até mesmo de nossa consciência, em geral isso se dá por não sabermos como lidar com o que está emergindo. Aceitar, como meu cliente bem disse não significa seguir o impulso, mas perceber que ele está ali e então relacionar-se com ele. Permitir que tudo o que existe em nós exista em nós. A paz permite a existência, a guerra não.

    Além de aceitarmos é importante que saibamos o que fazer com aquilo que existe em nós. Saber lidar com um desejo, com um pensamento, com uma emoção é fundamental para que saibamos permitir-lhe a existência. Muitas pessoas “não querem sentir” alguma emoção por não saberem como lidar com elas, por exemplo, ou ficam com medo de um determinado desejo porque não sabem como lidar com o desejo. Tem medo de serem inadequadas em detrimento do que possa aparecer em suas mentes e corações, porém não é aquilo que pensamos, sentimos ou desejamos que nos mostra quem somos, mas sim o que decidimos fazer com isso.

    Desta forma, num nível mais profundo, a “paz interior” significa não estar em guerra e além disso buscar harmonia interior percebendo o que existe em mim e descobrindo formas responsáveis de lidar com o que existe em mim. Este “segundo nível” vem depois que aprendemos a nos aceitar e retirar toda a culpa e arrependimento que possamos ter em relação ao que fazemos e fizemos em nossa vida.

    Retirar a culpa e arrependimento significa aprender com os erros e nos perdoar buscando sempre remediar o que for possível e nos comprometendo em nunca mais repetir algo que julgamos inadequado. É um compromisso pessoal e não – apenas – social. Não tem a ver com a integridade do outro com quem me relaciono apenas, tem a ver com a minha e isso é um compromisso poderoso.

    A harmonia vem quando sabemos apreciar o nosso processo de vida sem medo, culpa ou vergonha do que ele nos oferece e conseguimos decidir de forma completa – envolvendo o pensamento, a emoção, a ação, nossos valores, contexto e momento de vida – sobre como reagir frente ao que estamos querendo e desejando. Da harmonia consigo nasce a paz, pois as partes em conflito dentro de nós não precisam mais lutar.

    Abraço

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