• 11 de dezembro de 2013

    Impotência

    – Eu não sei o que fazer nessas situações sabe?

    – Não sabe? Uma pessoa é agressiva com a outra, o que se faz?

    – (Silêncio) se defende?

    – O que você acha?

    – É…

    – É?

    – Se defende.

    – Perfeito! Muito bom, então você sabe o que fazer! O que te impede de fazer isso nessa situação?

    – Não sei, me sinto impotente quando estou na frente dela.

    – Entendo, o que te faz ficar impotente?

    – Quando ela fala ríspida comigo

    – O que acontece daí?

    – Me sinto como quando era pequeno com meu pai gritando comigo.

    – Entendi… mas se você evocar aquele menininho ele não vai dar conta mesmo não é?

    – Pois é.

    – Que tal evocar um homem adulto como sei que você é?

    – Melhor não é mesmo?

    A sensação de impotência talvez seja uma das mais doloridas e difíceis de lidar para o ser humano.

    A impotência tem a ver com a nossa incapacidade de realizar algo frente à uma dada situação, a cena clássica é a nossa impotência frente à morte: não há nada à se fazer, somos mortais, portanto, morremos. Esta incapacidade de modificar uma situação é muito deprimente, muitas pesquisas já foram feitas sobre o tema e a incapacidade de adquirir competência é algo altamente frustrante para o ser humano.

    A sensação de impotência, muitas vezes é sentida em situações nas quais a pessoa pode ter poder de ação, mas não tem. Nestes casos é importante auxiliar a pessoa a aprender a ter atitudes e comportamentos para lidar com a situação. Algumas pessoas, por exemplo, se cobram demais em uma determinada situação que não tinha outras alternativas, ela fez “o que era possível” fazer e, sendo assim, não era inteiramente impotente, mas talvez as expectativas dela queriam muito mais do que era possível.

    Em outros casos, como neste acima a pessoa tem comportamentos que não usa para determinadas situações e acha-se, então, impotente. Esta impotência, porém não é fato, é apenas a falta de tomada de atitude. É mais uma sensação paralisante do que, necessariamente, a impotência de fato. Neste caso, temos  o que chamamos de “identidade impotente”, ou seja, a pessoa que se identifica como “aquela que não sabe/ não pode/ não consegue ter uma atitude”. Este tipo de identificação é altamente nociva para a pessoa e requer que organizemos uma nova forma de se perceber para ajudá-la a vencer seus desafios.

    Por último reside a real impotência, como aquela frente à morte. Neste caso o processo é de aceitar o que devemos viver. Envelhecer é um outro processo frente ao qual somos impotentes, porém aceitar tudo isso com tranquilidade é um grande desafio. Em geral as pessoas que lidam bem com a impotência aprendem a fazer a seguinte distinção: se eu posso fazer algo, me responsabilizo por aquilo, se não posso, não me responsabilizo. Esta atitude – para esta situação específica – é altamente positiva: não podemos desejar ter responsabilidade por algo fora de nosso controle – ou mesmo da probabilidade de controle, sendo assim, aceita-se com mais facilidade aquelas situações que não temos nada para fazer.

    Abraço

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