– Estou cansada de ficar me sacrificando por ele.
– Imagino mesmo… pelo que você tem se sacrificado?
– Ah eu faço tudo por ele e nada sabe?
– Sei sim, mas, o que te motiva à fazer isso?
– Espero que ele se toque e faça alguma das coisas que eu quero também sabe?
– Sei… mas não funciona né?
– Não.
– Até porque, imagino que você nunca deixou claro as suas expectativas em relação à ele não é mesmo?
– É… é verdade, nunca falei…
– Porque você não “sacrifica” este orgulho, medo, timidez de falar para ele ao invés de sacrificar o que você gosta e diz para ele o que você espera?
– Seria melhor não é?
– Na pior das hipóteses é uma nova tentativa
A ideia geral sobre sacrifício é de sermos obrigados à fazer algo que não queremos para obtermos algo em troca. Como sempre, a forma pela qual encaramos o mundo reflete como sentimos o mesmo e se pensamos em sacrifícios desta forma, obviamente vamos nos ressentir de realizar o ato.
Porém, seria esta a concepção adequada de sacrifício?
Obviamente a noção de algo sendo sacrificado em busca de um favor é uma das noções de sacrifício, porém não é a única. Em uma outra concepção o que se sacrifica é o próprio deus que está encarnado, como na missa: o que se come é o próprio corpo de Cristo e ele começa a agir dentro da pessoa. Indo do rito, para o dia a dia o sacrifício pode ser uma barganha ou pode ser, ele próprio, o ato à que se destina, sendo ao invés de um estorvo, uma fonte de alimento.
Esta é uma mudança de atitude mental, ou seja, ao invés de pensar num “sacrifício” como uma barganha, pensa-se nele como o que se deseja. Assim, por exemplo, num relacionamento, ao invés de se pensar que está se “abrindo mão de algo pelo outro”, pensa-se que está criando companheirismo. No trabalho quando se “sacrifica um final de semana”, pensa-se que está “criando reputação”. A ideia é modificar a ideia de troca – sacrifico um final de semana por reputação – pela ideia de construção – estou criando minha reputação, isto é reputação.
A pergunta é o que sacrificamos e o que se está construindo com isto?
Deve existir uma relação entre ambos de modo que um faça sentido com o outro. O grande problema está nas relações de causa-efeito que criamos – as quais, muitas vezes, não são verdadeiras, mas queremos que sejam. Sacrificar é tornar algo sacro, sagrado, portanto, não tem a ver com a ideia de perder alguma coisa, mas sim de adquirir alguma coisa. O que você torna sagrado em sua vida? Muitas pessoas – através da noção que tem de sacrifício – tornam a raiva sagrada, pois é para ela que direcionam sua atenção depois que “se sacrificam”.
Se você está enaltecendo algo em sua vida – ou seja, tornando sagrado – que tal tornar algo mais interessante como “companheirismo”, “energia”, “produtividade” e outras qualidades?
Abraço
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