• 5 de fevereiro de 2014

    Eu e o outro

    – Pois é, estou vendo mesmo que quando faço isso estou indo contra mim.

    – Perfeito, é muito importante isso!

    – Mas e aí, o que eu faço?

    – De fato, o que?

    – Ah Akim, não sei…

    – Não sabe?

    – Tá… eu acabei de dizer né? Eu sei o que fazer.

    – Claro que sabe, isso nunca foi problema, qual é o problema, de fato?

    – Não sei…

    – Pense, tem a ver com a sua pergunta para mim agora a pouco.

    – O que eu faço?

    – Sim… Você já percebeu a sua dinâmica e já percebeu o que faz quando sai dela, quer que eu te diga o que mais?

    – Hum… é verdade… acho que eu fico esperando você me dar uma ordem ou permissão para eu fazer o que me faz bem.

    – Ótimo, e você precisa, realmente, da minha permissão ou da minha ordem?

    – Eu acho que precisava, mas agora não quero mais precisar. Eu vou fazer o que é bom pra mim!

    Ninguém é uma ilha. Todos vivemos vidas nas quais o meio ambiente, as pessoas que nele vivem e as relações que são criadas nos afetam. Tudo isso corrobora para criamos nossa ideia de “eu” e de “não eu”.

    Além disso temos o nosso processo interno que ao pegar – ativamente – as informações do meio ambiente elabora um modelo de mundo o qual começamos a usar para guiar nossas vidas, emoções e decisões.

    O problema surge quando um desses dois lados começa a se tornar “forte demais” dentro da pessoa. Pessoas que colocam muita ênfase no mundo exterior estão sempre preocupadas em agradar, não ser inadequada, não criar confusão, não magoar, enfim, em manter o mundo externo tal como está. Em geral elas entendem que a ordem externa as organiza, que a ordem externa precisa ser preservada à qualquer custo até porque identificam-se com esta ordem externa.

    O trabalho em terapia com esta percepção em geral vai buscar organizar uma nova percepção de mundo na qual a pessoa possa ser mais flexível em relação ao meio externo se comprometendo com aquilo de fora que faz bem à ela. Isto implica em criar um referencial interno, no qual a própria pessoa toma suas decisões, no qual ela escolhe pelo que vai fazer.

    O outro lado é aquele no qual a pessoa foca demais no interno e não se relaciona com o externo. Suas preocupações em geral, tendem aos temas da individualidade, ser sincero, não se submeter e questionar os costumes das pessoas. Tendem a ser muito rotineiras – mesmo quando a falta de rotina é sua marca – e buscam avidamente por algo que as “diferencie” do resto do mundo.

    O trabalho neste caso visa fazer a pessoa aprender a se abrir ao externo sem medo de perder a sua individualidade, perceber que sinceridade tem meio de ser expressa e que “ser diferente dos outros” e “ser você” são ideias distintas. O medo fundamental é de perder a conexão consigo, o problema é que esta conexão torna-se excessiva e a pessoa vive num sistema “ou/ou” o que a limita profundamente.

    E você? Muito preocupado com os outros? Muito preocupado com você? O que há de importante e bom no mundo interno e no externo?

    Quando é necessário usar um referencial ou outro?

    Abraço

    Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br

    Comentários
    Compartilhe: