• 19 de fevereiro de 2014

    Recomeçar

    – Então… o que te dizer? Meu filho saiu de casa ontem.

    – Ah é? E aí?

    – Bem… foi como conversamo aqui durante todo este tempo: hora de recomeçar.

    – Pois é, como foi isso?

    – Sabe… depois que ele foi embora eu chorei um monte, copiosamente mesmo sabe? Depois de uma hora mais ou menos, eu me aquietei… peguei algumas coisas minhas e comecei a jogar fora, limpei a casa.

    – Entendi.

    – Depois foi simples, liguei para uma colega minha e fomos comer uma pizza. Foi divertido estar lá, completamente sozinha novamente, eu nem sabia o que era isso sabe?

    – Como foi para você essa sensação?

    – Um misto de medo com desejo.

    – E os planos?

    – Já comecei todos logo no dia seguinte… sabe, eu acho que vou gostar de recomeçar.

    Recomeçar. Um negócio, um amor… uma vida.

    Para recomeçar é necessário terminar. Nada pode recomeçar antes de chegar ao fim, nada por renascer sem antes morrer. Este é um dos passos mais difíceis: aceitar o fim. Chorar, se entristecer e entender: nada mais será como um dia foi.

    E aceitando o fim, podemos perceber que nada mais será com foi, porém o futuro ainda está por vir e o presente ainda existe, você ainda existe. Assim se ainda existo, ainda desejo, ainda tenho sonhos, posso me permitir sonhar novamente e com os sonhos, traçar meus planos, meus objetivos, o futuro.

    Ao criar o futuro e percorrê-lo com atos a cada dia, a cada momento posso, então, viver novamente. Recomeçar.

    Embora possamos dizer, também, que não existem recomeços. Cada re é um novo começo. Nenhum é igual ao outro. Então, se não recomeço, apenas, de novo, começo. Um novo começo… que não é novo, é simplesmente único. É outro momento, é outro negócio, outro amor… outra vida.

    Começos… cheio de esperança, mas também de sabedoria – porque “re” começo – e sabiamente busco perceber aquilo que posso e que não posso, o que sei e que não sei. Aquelas experiências que me ensinaram onde errei assim como as que me ensinaram onde triunfar. Começo agora não mais como criança que acha que sabe e que pode tudo, com pés no chão… pés que querem construir as escadas para levar-me aos meus sonhos lá nas nuvens onde os coloquei.

    Começo de novo e de novo e de novo, quantas vezes precisar porque sei que nem sempre é na primeira que fazemos tudo acontecer. Aprendo e invento novas manias, manias diferentes e faço de novo do meu recomeço um começo novo e sempre único até que eu comece de novo a pensar em novos recomeços. Porque sempre que começo algo sei que termino e quando o faço, recomeço.

    Para que ter medo de recomeçar se já faço isso tantas vezes?

    Comece de novo, recomece, de um novo início… como você prefere?

    Abraço

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