• 7 de março de 2014

    O “seu” processo

    – Mas eu tenho medo de que, se eu relaxar, a coisa toda se solte.

    – Entendo, o que te faz ter esse medo?

    – Ah, isso já aconteceu antes sabe?

    – Perfeito, gostaria que se lembrasse de uma dessas situações e que entre em contato com você naquela época, pense o que pensava, sinta o que sentia.

    – Certo.

    – Olhando daqui para o que você sentiu e o que motivou as suas ações lá me diga: você estava em contato e paz contigo?

    – Não.

    – Ótimo.

    – Na verdade… pensando bem… eu estava ansioso nessa situação e pensando no que eu deveria fazer… eu me sentia relaxado, mas era como se fosse só o corpo sabe?

    – Claro.

    – Perfeito… agora eu quero que você entre em contato com esta sensação de estar em paz consigo e busque no seu passado momentos em que você se sentiu assim e tomou decisões e me conte se foram boas decisões.

    – Ok… Eu estou me lembrando de várias vezes que eu estava bem comigo mesmo… olhando daqui me dá até uma saudades não só da sensação sabe?

    – Do que mais?

    – De estar sendo quem eu era naquele momento… calmo, em paz, certo do que estava fazendo… centrado em mim entende?

    – Claro que sim! Perfeito, quero que entre em contato com este seu “eu”, como se você fosse ele agora e permita observar a sua vida, hoje, com aqueles olhos.

    – É muito bom.

    – Dá uma sensação de confiança?

    – Sim, dá sim.

    Por vezes as pessoas temem estar em contato com elas porque tiveram algumas experiências ruins no passado. Mas elas também tiveram boas experiências.

    O medo é de que o processo da pessoa a leve para algo ruim, mas, por que temer isso?

    Embora a pergunta pareça estranha, vale a pena refletir sobre ela. O medo de “seguir a sua intuição e “se dar mal” embora comum, precisa ser revisto.

    Em primeiro lugar é importante perceber se realmente estamos em contato com nós mesmos. Muitas pessoas entendem que “estar em contato consigo” é “não estar em contato com as expectativas dos outros”, mas isso não é verdade. “Não fazer o que o outro quer” não significa que estou fazendo o que quero, significa agir em desacordo com o outro. Enquanto a pessoa está fazendo isso pode, ainda, não estar levando em consideração aquilo que deseja. Afrontar o outro não é, necessariamente, afirmar o seu desejo, eu e processo de evolução.

    Em segundo lugar é importante entender que o “erro” o “se dar mal” é um resultado que indica, apenas, que você encontrou uma forma de não fazer o que você quer, ou que, naquele dado contexto, você precisa fazer diferente. Sendo assim existem duas formas básicas de encarar o “erro”: como um fracasso – e se colocar como uma vítima ou uma pessoa sem capacidade de fazer o que quer – ou como um resultado – e se colocar como uma pessoa ativa na própria vida, refletindo o que fez, como fez, os resultados que atingiu e o que pode fazer de novo para atingir os resultados que deseja.

    Em terceiro lugar, o “erro” pode ser duro, porém será, ainda assim, uma manifestação de quem você é. Neste caso, em geral, as pessoas podem até não atingir suas metas, mas olham para o passado com gratidão de forma a perceberem o esforço em atingir o que desejam. Como a ênfase recai no esforço e na tentativa sente-se tristes por não terem conseguido e, ao mesmo tempo, felizes de terem se usado de uma maneira que achavam adequada. É o famoso “eu tentei”.

    Quando unimos estes três elementos temos uma poderosa fórmula contra aquele medo e percebemos que ele é infundado. Podemos, com isso nos soltar ainda mais para viver quem somos e refletir sobre o que fazemos e os resultados que temos. A questão não é “não ligar para o que vai acontecer”, mas sim poder encarar os resultados e pensar ativamente se eles foram bons ou não para nós mesmos.

    Ainda com medo?

    Abraço

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