• 14 de março de 2014

    Falsidade

    – Daí as pessoas querem que eu fale… eu falo sabe? Sei fazer isso!

    – Mas?

    – Mas quando eu vejo todo mundo empolgado com o que eu disse me dá um dó, uma pena.

    – O que motiva essa emoção?

    – Porque eu vejo que eles estão se enganando! Eu não estou motivada sabe? Mas falo e eles se motivam? Será que eles não percebem a falsidade disso tudo?

    – Não sei… será que você percebe a falsidade em você?

    – Como assim?

    – As suas palavras podem encantar… porque não?! Agora… se você tem SE encantado é outros quinhentos…

    – Você está dizendo que eu estou mal, é isso?

    – Bem, me parece que “falsidade” é mais adequado do que “mal”, afinal você usou esta palavra não é mesmo?

    – Sim, sim… mas… bem…

    – Você sente-se falsa com você mesmo? Sente, às vezes, mesmo sem dizer à ninguém, que é uma fraude?

    Ela apenas olha para mim, sem dizer nenhuma palavra e acena com a cabeça para cima e para baixo suavemente.

    É comum que aquilo que apontamos nos outros seja aquilo que escondemos ou não gostamos em nós mesmos. De forma direta – sou sádico, mas não gosto disso e aponto o sadismo nos outros – ou indireta – sou co-dependente e falo mal da dependência dos outros; apontamos aquilo que não suportamos em nós. A falsidade é uma dessas coisas.

    A sensação de falsidade se refere à uma falsa projeção do eu. Ou seja, a pessoa percebe que é vista de uma forma melhor do que ela própria se vê e, então, acha falso esse reflexo que veem dela. A sensação de estar sendo falsa consigo mesmo, em geral, está associada à uma baixa auto estima que não permite uma boa formação da identidade pessoal, ou auto-imagem.

    O problema, em geral, é uma cisão entre o comportamento e a identidade da pessoa. Ela se comporta “como se” fosse uma pessoa que se percebe de uma determinada maneira, porém se percebe de outra maneira. O resultado é desastroso porque ela cria uma confusão interna que é difícil de ser solucionada e acaba se apegando ao papel “falso” porque ele lhe dá um certo “retorno afetivo” ou “segurança”. Ela acha que se deixar de interpretar aquele papel perderá tudo o que conquistou e então continua a sua sina.

    Para a pessoa fica a eterna sensação de que daqui a pouco ela “será pega” em flagrante delito sendo o que não é. Obviamente algo difícil de acontecer, porque apenas ela sabe que está sendo falsa consigo. A tragédia mais dolorida é que a pessoa tem o comportamento adequado, só precisaria adequar a sua auto imagem.

    É importante resgatar a confiança pessoal no sentido de poder abrir os seus medos, as sensações de incompetência e de impotência e ir, através disso rumando para a melhoria da auto estima que possibilitará um novo encontro consigo, uma nova forma de se perceber e, então, ser mais verdadeiro!

    Abraço

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