• 17 de março de 2014

    Diferenças

    Talvez um dos pontos mais nevrálgicos no desenvolvimento humano seja a aceitação das diferenças. Muito embora seja óbvio que somos seres diferentes, a aceitação deste fato implica em algo que preferimos não pensar ou sequer dizer: a aceitação do perigo. Porque perigo? Toda a diferença traz consigo um perigo, pois tudo o que é diferente de mim não é eu e, sendo assim, não controlo.

    Esta falta de controle sobre o que é o outro – e, principalmente, o que ele pode fazer – é o perigo que vem associado à ideia de diferença. O diferente tem valores, morais e comportamentos distintos do meu e, assim sendo, oferecem um risco permanente. Não vou jogar contra esta ideia neste post, vou aceitá-la.

    Ao aceitar, no entanto, deixo em aberto o problema: o que fazer com o perigo?

    O “perigo”, em primeiro lugar, se trata trabalhando a noção de “controle” x “conhecimento”. O ser humano não controla  as forças da natureza, ele as conhece e, uma vez fazendo isso, aprende formas de lidar com elas. Saber a época certa de plantar, por exemplo, não é controle da natureza, mas sim conhecimento sobre ela. Controle, de fato, seria fazer as plantas nascerem quando queremos do jeito que queremos é a imposição da vontade sobre a coisa.

    No que tange aos humanos e seus relacionamentos o conhecimento do outro é fundamental. Aprender quem é o outro ao invés de querer controlá-lo é a grande saída e o “antídoto” contra o “perigo” da diferença. Ao conhecer e se interessar pelo diferente podemos compreender e perceber com mais clareza como podemos nos relacionar com ele. É como quando os filhos se tornam adolescentes: é uma nova vida, o adolescente é muito diferente da criança e os pais precisam conhecer quem é esta nova pessoa que está ali na sua frente.

    Aprender isso é aprender a “dançar” com as mudanças das pessoas. Aprender a aceitar o momento de cada um e refletir sobre como aquele momento pode se envolver – se é que pode – com o restante do grupo. Adaptar o indivíduo ao grupo e o grupo ao indivíduo é como uma dança de roda em que cada um vem com o seu ritmo próprio ao mesmo tempo em que acompanha o ritmo do outro. As mudanças tanto do grupo quanto de cada um precisam ser processadas pelo grupo e pelas pessoas para que a dança continue. Outras vezes, porém, é importante perceber que a dança não vai mais ser possível visto que as mudanças são muito grandes. Novas negociações são necessárias.

    Ao invés de julgar a diferença, porque não conhecer mais sobre a diferença? Deixo a pergunta!

    Abraço

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