• 4 de abril de 2014

    Garantias

    – Mas e como é que eu sei se ele me ama?

    – Não sabe.

    – Como assim não sabe?

    – Bem… você pode tentar, mas saber, de verdade, ninguém nunca sabe.

    – Ai Akim… mas… ai… é tão duro isso. Eu preciso saber sabe? Se não como que eu me entrego?

    – Então me diga: como é possível saber o que alguém sente?

    – Pelo comportamento dele.

    – Bem, ele pode ter comportamentos que você entenda como amor, mas ele pode fingir, não pode?

    – Pode… bem, acho que pode ser pelo jeito que eu sinto ele.

    – Isso é ainda mais sutil, você pode projetar coisas suas nele e achar o que bem entender sem isso ser fato para ele.

    – Então não dá mesmo?!

    – Não… o que temos para hoje é simplesmente se ele consegue se comportar de uma maneira que te faça sentir-se amada, fora isso minha cara… nem Freud explica.

     

    Queremos garantias! Na sociedade de consumo ninguém quer sentir que fez um “investimento” à toa no que quer que seja: desde compras de alimentos até relacionamentos. Porém que garantias a realidade realmente nos fornece? Até onde sei a única garantia – mesmo – é a da morte para quem é vivo. Ademais, “tudo pode acontecer”.

    Mas porque precisamos de garantias? Toda vez que alguém precisa de uma garantia esta pessoa está comunicando alguma coisa, alguma necessidade, algum medo ou até uma falta de perspectiva que ela tem sobre a vida. Querer uma garantia é o mesmo que achar que alguém possui o dom onipotência e onisciência: para poder prever tudo e agir sobre tudo. Porém este poder não existe disponível para nenhum humano e nem para nada criado pelos humanos.

    Porém a nossa necessidade infantil de ter um controle completo sobre o mundo ainda permanece e assim buscamos estas garantias. Enquanto se busca a garantia se perde de vista aquilo que mais importa: o que está ocorrendo. As pessoas gastam tanto tempo desejando ter certeza que quando vão agir já não dá mais tempo, ou então se perdem em pensamentos mil buscando “onde está a verdade”.

    Obviamente trata-se de uma forma de se defender contra a dor e a frustração, porém uma forma que não é funcional – primeiro porque não protege contra a dor e frustração e segundo porque afasta a pessoa de poder viver algo de bom, mesmo que o ruim venha depois. Aparentemente quando conseguimos aprender que não existem garantias, podemos ir para dois caminhos: o do isolamento – “então porque vale a pena me esforçar?” – ou o do herói – “bem, o jogo é este não é? Então vamos jogá-lo!”.

    Qual o seu?

    Abraço

    Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br

    Comentários
    Compartilhe: