• 23 de abril de 2014

    Saindo do labirinto

    ratos-e-labirintos

    • E fiquei pensando que na verdade eu tenho é medo.

    • Perfeito, medo do que?

    • É meio estranho, mas é medo de que ele me agrida se eu der limites nele.

    • Sim, entendo. Mas o que ocorre se você der os limites e ele “te agredir”?

    • Sei lá, vou me ferir?

    • Essa agressão não é física, visto que você me diz que ele não é de bater, então que tipo de agressão é?

    • Sim, nunca me bateria mesmo… é algo mais tipo… ele falar ríspido ou me desmerecer ou contra argumentar de forma muito séria.

    • Entendi, o que te dá vontade de fazer quando ele tem este tipo de comportamento?

    • De meter a mão na cara dele.

    • Você é a agressiva então é? (Risos)

    • Sim (risos)

    • E você se sente mal de pensar em fazer isso?

    • Sim, não é o certo… às vezes tenho até medo de fazer isso de verdade sabe?

    • Sei… medo, não é mesmo? O mesmo medo que você me falou no começo da sessão.

    • Nossa… é verdade…

    • “Culpa” é uma emoção que faz sentido para você não faz?

    • Sim.

    • Neste caso, por exemplo, culpa de imaginar que você poderia enfiar a mão na cara dele.

    • Sim.

     

    Algumas emoções que sentimos são completamente contraditórias com as que “deveríamos” estar sentindo. No caso citado acima a pessoa tinha um medo que não fazia sentido para ela, embora ela o sentisse com muita força.

    O trabalho com ela ajudou-a a perceber que o medo que ela sentia não era exatamente do outro, mas sim da própria reação dela. A agressão que ela tinha medo de receber não era o limite do marido, mas sim uma represália mais forte advinda dele no caso de ela bater nele. Conhecendo a cliente eu sabia que isso era algo improvável, porém, poderia acontecer e – o mais importante – na fantasia dela aquilo era muito claro que iria ocorrer.

    Assim sendo o que ela temia, de fato, era a perda de controle dela e uma possível agressão física por parte dele no caso de ela perder este controle e acabar por esbofetear ele. O medo tornou-se mais evidente depois que ela compreendeu que era algo que ela temia nela própria ao invés de temer no marido. Situações assim nos mostram como, muitas vezes, projetamos nos outros medos que são nossos. Não apenas medos como também expectativas, frustrações e desejos.

    Quando percebemos essa dinâmica – de projetar conteúdos nossos nos outros – conseguimos compreender o que queremos que o outro resolva para nós e, com isso, podemos assumir novamente a nossa própria responsabilidade sobre a nossa vida. Quando se faz isso, a relação torna-se mais leve visto que o outro não é mais responsável por me fazer sofrer por conteúdos que são meus, ele é apenas o outro. Também torna a relação mais leve porque a pessoa começa um processo de mudança e de evolução pessoal o qual faz com que ela tenha novos comportamentos na esfera pessoal e da relação e este fato marca – quase sempre – um belo avanço na maneira de se relacionar do casal – quando um evolui o outro acaba acompanhando a mudança.

    Uma maneira interessante de começar este processo é se perguntar: o que me faz achar que o meu parceiro é responsável por isso? Que problemas, questões minhas existem nessa reclamação que talvez eu mesma (o) tenha que resolver? E se eu pudesse resolver isso sozinho (a), o que eu faria? Como faria?

    Abraço

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