• 28 de abril de 2014

    Gosto ou não gosto?

    Old_woman_inswimmingpool

    • Mas Akim… eu não gostava desse tipo de menina!

    • (Risos) Pois é né? Imagine se gostasse então!

    • (Risos) Cara… o que eu faço?! Sabe assim: ela não é, de fato, o meu estereótipo de mulher, mas eu estou gostando!

    • Já lhe ocorreu de aprender a apreciar a beleza que esta mulher proporciona?

    • Como assim?

    • Bem, “não é o meu estereótipo” é diferente de dizer “ela é feia”, “não gostei de nada nela” não é mesmo?

    • Sim, é verdade.

    • Assim sendo, o que há para ser apreciado nela da maneira pela qual ela é?

    • Hum… bom, o corpo dela é mais rechonchudinho e tem uma curvinhas diferentes sabe?

    • Sei sim, tem curvinhas que só ela tem não é mesmo?

    • É! Bem, o olhar dela é diferente também.

    • Ela tem os olhos claros?

    • Não, são castanhos bem mel sabe?

    • Sei sim, é totalmente diferente olhar para este tipo de olho não é?

    • É…

    • E o toque dela, o beijo dela?

    • Hum… bom… são… dela sabe?

    • Sei… Bem, me parece que não existe nada de errado em você sentir um prazer enorme com essa menina mesmo “ela não sendo o seu estereótipo” não é mesmo?

    • É… mas porque me incomoda tanto?

    • Porque?

    • Sei lá… parece errado que eu possa sentir isso com ela…

    • Só porque não é estereótipo? Puxa vida hein?!

    • É verdade… cara… me sinto mais livre agora…

     

    Você sabe apreciar a beleza?

    Este post é dedicado completamente à uma visão particular de beleza que criei ao longo dos anos. Ela trata de fugir dos estereótipos pré definidos de beleza que temos e também de fugir do estereótipo de que “todos são lindos” o qual considero um tanto piegas.

    Considero que a beleza, de uma forma geral, esta nos olhos de quem sabe percebê-la. Inúmeros contos na mitologia contam a história do príncipe que é casado com uma bruxa horrenda e que, pela forma pela qual ele a trata, ela se transforma numa linda princesa. A minha percepção de beleza tem algo a ver com isso, pois creio que é necessário habilidade para enxergar a beleza nas pessoas, não basta olhá-las, temos que observá-las, estudá-las.

    A beleza de uma jovem modelo ou de um jovem “saradão” é “fácil” de ser vista. Fácil aqui é sinônimo de “culturalmente aceito”, visto que em outras épocas e em outras culturas o nosso modelo perfeito passaria totalmente desapercebido. O “bronze” tão cultuado em nosso país é motivo de vergonha quando estamos na França de Luis XV. O que a cultura diz que é belo eu entendo como “beleza fácil” pois estamos todos procurando por ela.

    Porém saber observar e estudar os detalhes de um corpo, de um rosto e associar todos estes detalhes com a maneira pela qual a pessoa se comporta, age e fala é algo mais complexo. Perceber a beleza nas rugas de uma pessoa, por exemplo, é tarefa para poucos – justamente porque sai da nossa “beleza fácil”. Observar cada ser humano como uma pintura única e buscar nela os detalhes que cativam o nosso senso estético é algo inusitado em nossa cultura na qual o “produto” – no caso o outro – deve se enquadrar no modelo aceito para que eu apenas o consuma ao invés de eu me enredar nele.

    Outro tema tristemente associado ao da beleza é o do prazer. Assim como meu cliente acima, várias pessoas acham que só obterão prazer se tiverem alguém do estereótipo. Ledo engano. O corpo humano é uma máquina de sensorialidade e altamente erótica. É possível sentirmos prazer com vários “estereótipos” diferentes, pois todos eles transmitem prazer. Porém, cada corpo pressupõe uma forma distinta de sentir o prazer. De apreciar o prazer que pode ser destilado junto com aquele ser humano peculiar, único.

    O corpo de uma pessoa alta é diferente de uma pessoa baixa; o do magro diferente do musculoso e do gordinho. Lábios pequenos e lábios grossos dão texturas diferentes ao beijo assim como uma pele mais elástica ou uma mais firme dão consistências diferentes ao toque. Obviamente temos nossas preferências, porém entre o termo “preferência” e o termo “meu estereótipo” existe uma amplitude muito grande.

    Escrevo este post porque tenho percebido que a beleza das pessoas tem sido extremamente mal tratada. Num momento em que vários limites culturais sobre formas de relacionamento são ampliados creio ser importante ampliarmos o que entendemos por beleza e aprender a ver a beleza com olhos mais atentos ao invés de procurá-la com olhos “fáceis”.

    Já faz algum tempo que aprendi a observar a beleza em pessoas mais velhas – algo completamente inusitado em nossa cultura do “seja jovem e se entupa de plásticas para manter-se assim” – e é impressionante o que podemos encontrar em olhos cansados, rugas precisamente posicionadas que parecem ter sido colocadas com cirurgia. Existem sorrisos que ficam muito lindos apenas porque mostram as rugas que o tempo trouxe e que a ausência mostraria apenas uma beleza fácil, dessas de photoshop.

    Recordo, como exemplo, quando via a série “X-Files”. Ao final da nona temporada eu exclamei: a agente Scully parece muito mais bonita hoje do que no início da série… e ela está mais velha também. Aquilo foi o que me deu o ponto final na minha percepção: existe uma beleza que é impossível ter quando se é jovem. Existem detalhes, contornos que somente a idade traz. Assim como a idade a altura, peso, cor da pele, quantidade de músculos, tudo influencia, tudo cria um conjunto único e, para mim, tudo o que é único traz consigo algo de belo.

    Importante salientar: não desmereço a beleza que chamo aqui de “fácil”, mas convido o leitor e buscar a beleza nos seres humanos tais como eles são. Este post talvez seja um pedido para que não estereotipemos a beleza de uma maneira tal à querermos ser todos iguais e que consigamos apreciar todos os perfis sem número que a raça humana pode produzir dando, à cada um deles um lugar neste mundo.

    Abraço

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