- Mas não sei de verdade se é isso que eu quero?
-
Não sabe ou não quer assumir?
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Ah Akim… sei lá… parece que é tão bobo querer isso.
-
Bem, se você tratar o seu desejo desta maneira, assim será…
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É né?…
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O que te faz tratá-lo assim?
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É que… não sei se basta eu querer entende?
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Sim, como se você tivesse que querer e fazer mais alguma coisa… o que é?
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Ah, não sei…
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O que te permitiria ir atrás daquilo que quer?
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Hum… talvez se eu tivesse alguém que me dissesse que está certo o que eu quero.
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Você não consegue julgar isso por você mesmo?
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Quem sou eu para fazer isso?
-
Quem é você para não fazer?!
Em momentos como esse pensamos: “nossa… é mesmo”. A questão é sou ou não sou “suficiente”?
Em geral as pessoas desejam ter uma aprovação dos pais ou do grupo ao qual pertencem, isso é algo saudável natural ao ser humano. O problema surge quando esta aprovação assume o caráter de permissão à respeito do que a pessoa irá fazer ou deixar de fazer.
Quando isso ocorre a aprovação não é apenas uma questão de “gostei ou não gostei”, ela assume um caráter que dita se a pessoa está fazendo as coisas de maneira correta, se não está e se ela é competente para realizar isso ou não. Porque isso é um problema? Porque muitas vezes o grupo, pais ou família podem não considerar uma competência que é muito importante, porém não é valorizada naquele ambiente. Ou então a família pode ter determinadas crenças limitantes que acabam sendo incorporadas pela pessoa e tratadas como verdade e paralisam a ação (você já ouviu um pai dizer ao filho “homem não chora”?).
Outra questão um pouco mais profunda tem a ver com a identidade da pessoa. Muitas vezes a necessidade de aprovação e a dinâmica familiar guiam a pessoa a se compreender como alguém que “deve” (nos dois sentidos da palavra) ser subalterno, por exemplo. Quando a aprovação recai nas competências a pessoa precisa de alguém que diga que o que ela faz é algo bom; quando recai na identidade ela precisa de alguém que diga que “ela” é boa. A noção de quem somos se torna um grande problema para nós porque ao mesmo tempo que nos define age contra nós ao nos manter com comportamentos inadequados e em situações de risco.
Quando os dois problemas se misturam temos uma questão grave pois a pessoa não mais se entende “suficiente” para dar conta de sua própria vida, além de ser alguém “ruim” é, também, “incompetente”. O traço mais claro de quando estamos numa situação como essa é esse que vimos acima: a negação da validade do próprio desejo. Em geral o desejo é negado quando a pessoa e sua noção de identidade foram negadas, ridicularizadas ou rejeitadas por pais e família. A pessoa aprende que aquilo que ela se diz que é e que quer não é digno de nota, esconde esta auto imagem junto com os desejos e assume uma nova mais condizendo com aquilo que se espera, porém a outra parte permanece irrompendo em momentos de estresse, por exemplo.
É neste momento em que a pessoa precisa aprender a rever seus conceitos sobre si mesma e a reavaliar os resultados que tem conseguido ao longo de sua vida nas suas empreitadas. Isso é um começo para ajudar a pessoa a redefinir quem ela é e o que pode ou não fazer.
Abraço
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