• 7 de maio de 2014

    Insuficiência

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    • Mas não sei de verdade se é isso que eu quero?

    • Não sabe ou não quer assumir?

    • Ah Akim… sei lá… parece que é tão bobo querer isso.

    • Bem, se você tratar o seu desejo desta maneira, assim será…

    • É né?…

    • O que te faz tratá-lo assim?

    • É que… não sei se basta eu querer entende?

    • Sim, como se você tivesse que querer e fazer mais alguma coisa… o que é?

    • Ah, não sei…

    • O que te permitiria ir atrás daquilo que quer?

    • Hum… talvez se eu tivesse alguém que me dissesse que está certo o que eu quero.

    • Você não consegue julgar isso por você mesmo?

    • Quem sou eu para fazer isso?

    • Quem é você para não fazer?!

     

     

    Em momentos como esse pensamos: “nossa… é mesmo”. A questão é sou ou não sou “suficiente”?

    Em geral as pessoas desejam ter uma aprovação dos pais ou do grupo ao qual pertencem, isso é algo saudável  natural ao ser humano. O problema surge quando esta aprovação assume o caráter de permissão à respeito do que a pessoa irá fazer ou deixar de fazer.

    Quando isso ocorre a aprovação não é apenas uma questão de “gostei ou não gostei”, ela assume um caráter que dita se a pessoa está fazendo as coisas de maneira correta, se não está e se ela é competente para realizar isso ou não. Porque isso é um problema? Porque muitas vezes o grupo, pais ou família podem não considerar uma competência que é muito importante, porém não é valorizada naquele ambiente. Ou então a família pode ter determinadas crenças limitantes que acabam sendo incorporadas pela pessoa e tratadas como verdade e paralisam a ação (você já ouviu um pai dizer ao filho “homem não chora”?).

    Outra questão um pouco mais profunda tem a ver com a identidade da pessoa. Muitas vezes a necessidade de aprovação e a dinâmica familiar guiam a pessoa a se compreender como alguém que “deve” (nos dois sentidos da palavra) ser subalterno, por exemplo. Quando a aprovação recai nas competências a pessoa precisa de alguém que diga que o que ela faz é algo bom; quando recai na identidade ela precisa de alguém que diga que “ela” é boa. A noção de quem somos se torna um grande problema para nós porque ao mesmo tempo que nos define age contra nós ao nos manter com comportamentos inadequados e em situações de risco.

    Quando os dois problemas se misturam temos uma questão grave pois a pessoa não mais se entende “suficiente” para dar conta de sua própria vida, além de ser alguém “ruim” é, também, “incompetente”. O traço mais claro de quando estamos numa situação como essa é esse que vimos acima: a negação da validade do próprio desejo. Em geral o desejo é negado quando a pessoa e sua noção de identidade foram negadas, ridicularizadas ou rejeitadas por pais e família. A pessoa aprende que aquilo que ela se diz que é e que quer não é digno de nota, esconde esta auto imagem junto com os desejos e assume uma nova mais condizendo com aquilo que se espera, porém a outra parte permanece irrompendo em momentos de estresse, por exemplo.

    É neste momento em que a pessoa precisa aprender a rever seus conceitos sobre si mesma e a reavaliar os resultados que tem conseguido ao longo de sua vida nas suas empreitadas. Isso é um começo para ajudar a pessoa a redefinir quem ela é e o que pode ou não fazer.

    Abraço

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