- Mas ele nunca me pressiona Akim.
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Ah é?
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Claro, nunca falou nada do que eu queria, sempre fiz o que quis.
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Entendo… bem, talvez eu esteja errado.
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Pode ser.
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Mas… porque mesmo você tem evitado contar algumas coisas para ele?
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Bem, depende da coisa ele fica triste sabe?
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Sei… com relação à sua faculdade, por exemplo, como ele ficou?
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Bem… ele não disse nada… eu vi que ele não gostou muito.
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Sim… como você se sentiu quando viu o semblante dele?
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Meio mal…
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Certo.
Algumas pessoas acreditam que uma pessoa que “não diz nada” contra a escolha de outra não faz pressão. Existem muitas formas de fazer pressão e de mostrar descontentamento que vão além das palavras.
Uma maneira, por exemplo, é a mudança de comportamento em relação ao outro. Muitas pessoas não comunicam com palavras, simplesmente passam a assumir uma nova atitude frente à pessoa ou frente à escolha que ela teve. No primeiro caso ocorre que a pessoa que se sentiu ofendida de alguma maneira passa a encarar aquela que fez a escolha de uma maneira diferente e, com isso, age de uma forma nova, em geral, de uma forma reativa – contra – a pessoa. No segundo caso a mudança de comportamento se dá apenas na esfera que envolve a escolha, faculdade por exemplo.
Uma outra maneira de criar o que eu chamo de “pressão negativa” é não dando opinião nenhuma nunca. Isso ocorre muito com as pessoas que me dizem “meus pais nunca disseram nada sobre as minhas escolhas” o que é algo um tanto interessante visto que a função dos pais é educar e isso envolve falar sobre as escolhas da pessoa. Em geral este tipo de situação gera pessoas um tanto inseguras, porém que não reconhecem a sua insegurança. Como os pais nunca falaram nada contra ela assume que sempre fez as melhores escolhas o que não é um fato – pelo menos não sempre. Quando isso ocorre é importante aprender a reconhecer o processo pelo qual a pessoa faz suas escolhas e se conscientizar das suas emoções enquanto as faz.
Uma forma mais velada e perigosa tem a ver com quando o outro diz que a pessoa “pode fazer a escolha que quiser” enquanto oculta uma outra frase “e eu farei o que bem entender depois”. Porque isso é perigoso? Porque deixa claro um jogo de vingança. É muito diferente da situação em que a pessoa deixa claro que não gosta de uma determinada escolha e que se a mesma for feita ela deverá agir de forma diferente com a pessoa. Porque é diferente? Porque o jogo fica explícito e a outra parte está ciente das consequências de seus atos.
E para fechar existe, também, aquela pessoa que sempre deixa uma ameaça “no ar”, algo como: “escolha o que quer… vamos ver o que acontece…” Esta é uma das mais perigosas, porque é altamente comburente, ou seja, faz as coisas pegarem fogo muito rápido. A ameaça fica evidente, porém, ao mesmo tempo não feita e isso é pano suficiente para discussões completamente fora de ponto e improdutivas.
E você, faz pressão?
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