• 30 de maio de 2014

    “Lugares”

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    • Sabe Akim, estou me sentindo muito mal com ele novamente.

    • Porque? O que acontece?

    • Ah… é que eu acabo me sentindo excluída entende?

    • Claro que entendo…

    • E aí ele não quer falar sobre isso e eu fico sem saber o que fazer.

    • Sei…

    • Porque ele faz isso comigo?

    • Estava esperando por esta pergunta

    • Ah é? Porque?

    • Você sabe… em que estado você está hoje?

    • Ahh… entendi… (risos) nossa, nem tinha percebido… Estou me colocando como vítima né?

    • Precisamente.

    • Entendi.

    • Agora, quero que você lembre de um momento em que estava se sentindo bem contigo mesma e entre em contato com aquela emoção

    • Ok… só de pensar nisso eu já me sinto melhor.

    • Perfeito… o que fazer agora?

    • Bem… já sei por onde começar…

     

    Algo interessante sobre relacionamentos humanos é o “lugar” que nos damos neles.

    A moça acima, por exemplo, se colocava como vítima, aquela pessoa que deve se submeter aos desejos e caprichos do outro. Como ela se pensava como vítima ela acabava se dando um lugar “pequeno”, no qual ela deveria esperar pelas reações do outro, agradar e sempre dizer “amem” para tudo. O lugar que nos damos está diretamente ligado à nossa auto imagem e auto estima, ele reflete quem achamos que somos. Quando me percebo como alguém de valor me posiciono desta maneira também.

    Assim, o que fazer com os lugares que nos damos? O primeiro passo é aceitar que somos nós quem nos damos o lugar e o papel dentro da relação. Você pode até dizer “Akim, mas ele(a) me força a fazer…”, a resposta é: “sim e você aceita”. Obviamente existem situações de coerção extrema em que “ir contra” o papel imposto pelo outro pode ser mais difícil – situações de violência física, agressão moral profunda e dependência econômica, por exemplo.

    Esse é um passo muito difícil porque, em geral, vemos o que o outro está fazendo e nos esquecemos de observar o nosso próprio comportamento. Em geral é mais simples reclamar dos comportamentos do outro do que do nosso próprio, então as pessoas se resumem a reclamar. Porém isso não ajuda nem um lado e nem outro. Buscar ver o que fazemos e como fazemos é o que pode nos dar luz sobre como poderemos agir diferente no futuro.

    Aceitar que somos nós quem nos damos o papel é complicado também porque envolve aceitar a auto imagem que temos de nós. E ela nem sempre é uma imagem muito bonita. Aceitar é o primeiro passo para poder mudar as rotina, quando paramos de brigar com o que vemos de  nós, com o como agimos podemos relaxar e nos abrir ao próximo passo.

    Que é: o que eu quero? O que é  importante para mim? Esta pergunta é fundamental porque ela nos coloca, novamente, como agentes de nossa vida e ao entrar neste papel a pessoa deve refletir sobre o que ela quer, o que é bom e importante para ela e aquilo que a fará feliz. Uma vez feito isso a próxima pergunta é: como vou colocar isso na minha relação? Como vou solicitar e negociar isso com meu parceiro? Como vou defender isso?

    Sempre digo que a relação não deve ser um campo de batalhas, e a maneira mais interessante de fazer isso é sempre deixando os nossos desejos claros assim como os nossos limites de negociação. Quando trabalho com casais e eles aprendem a diminuir a discussão sobre um determinado tema de conflito e começam a aumentar a quantidade de negociações que podem fazer eles, em geral, começam a se respeitar mais e a terminar discussões muito mais rapidamente e com muito mais qualidade.

    Que lugar você tem se dado nas suas relações? E na sua vida? Está na hora de mudar isso? O que você quer e como alcançar?

    Abraço

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