- Pois é Akim… não sei o que acontece… eu fiquei muito braba com eles.
- Bem, pra mim é claro. O que eles disseram mesmo?
- Que não sabiam se ia dar certo a minha ideia.
- E você se sentiu como sobre o comentário?
- Como se eles estivessem desmerecendo sabe?
- E como esse comentário estaria fazendo isso?
- Hum… não sei… falando que eu não sei saber sabe?
- Sim. E portanto você é…
- Incompetente… ai que raiva!!
- Pois é… mas será que eles estão te chamando de incompetente ou simplesmente dizendo que não sabem se “a ideia” dará certo?
- É né… eu fico muito preocupada com essas coisas…
Inferioridade é a característica de quem é inferior. “Inferior” é uma comparação entre dois elementos sendo que um é inferior ao outro. A inferioridade pode ser de tamanho (maior ou menor), de qualidade (melhor ou pior), de velocidade (mais ou menos rápido), enfim de várias “ordens”. Porém o elemento básico da inferioridade é sempre a comparação entre dois elementos.
Pessoas que fazem muitas comparações em geral entendem o mundo num sistema dual: os que ficam acima e os que ficam abaixo. Obviamente elas não desejam estar no segundo grupo. Porém o problema é que sempre tem alguém “mais” do que você e como só existe acima ou abaixo a coisa se complica. Embora as comparações sejam um grande peso, elas, por si sós não causam o dano completo, precisam, ainda de mais um elemento: o julgamento.
Não é “apenas” a questão de ser “menos” que o outro, mas, também, a questão do que isso significa para a pessoa. Ser “menos” em geral se associa com humilhação, com fragilidade, com estupidez e com falta de merecimento. Esses julgamentos podem ser construídos pela relação familiar ou social e depois de um tempo a pessoa introjeta nela e segue acreditando nestes valores.
A crença nestes valores torna as outras pessoas adversárias num jogo que nunca acaba bom para vencedor. Primeiro porque ele nunca irá “vencer todos” e segundo porque se o fizer se encontrará sozinho, como diz a literatura “rei de uma terra de mortos”. Esta percepção de que o mundo é uma disputa torna a pessoa insegura visto que precisa estar sempre dominando para não ser dominada e estar sempre em disputa com tudo e com todos.
Esta disputa é o motivo pelo qual a pessoa torna-se agressiva – mesmo que seja uma agressão passiva – e tende a criticar as pessoas (e a si também), ter algumas atitudes impulsivas, ser metódica e controlada, isolar-se dos grupos sociais e de situações que sejam expositivas. Vencer esta disputa significa provar que ela não é inferior. É importante perceber que a maior parte das pessoas que sentem-se inferiores querem se provar “não inferiores”, o grande problema desta necessidade é que mantém a pessoa dentro do jogo.
A solução, de fato, para essa condição não é mostrar-se inferior, superior ou “não inferior”, mas sim sair do jogo e das classificações injustas que ele coloca sobre a pessoa. Porque injustas? Porque julgam a pessoa pela capacidade. Tratam o “ser” pelo “fazer”. Ora, uma pessoa pode ter uma inclinação boa para esportes enquanto outra não e isso nada significa sobre a personalidade destas duas pessoas, assim sendo julgar a personalidade de quem é bom ou ruim no esporte apenas por esta característica é um grande erro.
Esse é o erro básico da pessoa que sente-se inferior ou insuficiente: achar que quem ela é está sendo medido com base no quão boa ela é em outras esferas. “Sair do jogo” significa entender este conceito e viver a partir dele. A competência de uma pessoa em uma área não diz sobre sua personalidade, sobre como ela é enquanto ser humano. E isto liberta-nos para sermos amados e nos amar mesmo não sendo “tão bom quanto…” em determinada área, situação ou comportamento.
Quando a pessoa deixa este julgamento sobre si de lado ela está pronta para poder avaliar suas competências de maneira à não cair num julgamento sobre si. Significa entender que você pode considerar alguém melhor do que você em determinada atividade e ainda sentir-se bem consigo porque na verdade entende que são duas coisas distintas.
Abraço
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