- Eu não sei porque ele fica falando isso para mim sabe? Me irrita!!
-
Sim, sei sim. Entendo a sua irritação e concordo com ela.
-
Pois é! Parece que quer ficar espinhando minhas coisas!! Me deixa!
-
Você sente um medo grande das tuas “minhas coisas” né?
-
Ai… você também?!
-
Eu o que?
-
Falando disso?
-
Bem, sou seu terapeuta não? Prefere falar da Copa?
-
Não… mas ai… não gosto disso…
-
Não gosta ou teme?
-
Você sabe…
-
Será que se você se permitisse tocar nisso, seria tão doloroso quanto você acha que é?
-
Não sei!
-
Sabe… quando tentamos controlar o medo ele fica maior porque temos que dar mais atenção à ele.
-
E daí?
-
Daí que muitas vezes fugimos de coisas que não são tão grandes assim…
-
Tenho medo sabe? Sei lá…. parece que é uma coisa maior que eu…
-
Mas está dentro de você, então não pode ser maior… vamos juntos?
-
Tá…
Stanley Keleman foi o autor que me chamou a atenção pela primeira vez para o fato de que a intensidade de uma emoção pode ser tão agressiva e amedrontadora quanto um assaltante violento.
Muitas pessoas possuem sentimentos muito fortes, tão fortes que a intensidade incomoda, amedronta e a pessoa prefere não sentir a emoção. As estratégias para “fugir da emoção” são várias: desde a racionalização, passando pela negação até uma crise psicossomática.
Quando a pessoa foge de suas emoções ela vai ter que, invariavelmente, criar um mecanismo de controle sobre ela. Este mecanismo é o grande problema. Quanto mais a pessoa precisa controlar a emoção, mais ela precisa focar na mesma. Quando se faz isso aumenta-se o foco na emoção, é como ver algo com uma lente de aumento.
As pesquisas mostram que quanto mais a pessoa tenta controlar pior fica a sensação de descontrole frente à emoção e este é o motivo pelo qual ela se torna agressiva: a pessoa sente que não consegue controlá-la e que ela, por isso, vai “assumir o controle” ou vai maltratar a pessoa. Assim sendo quanto mais controle, na verdade, menos controle. A expressão da emoção no sentido da catarse muitas vezes também não é uma alternativa interessante visto que muitas pesquisas também mostram que esta técnica possui um alcance limitado e, em geral, mantém o problema depois da descarga de energia.
Então, o que fazer?
É importante perceber que, em geral, a sensação que a pessoa teme não é apenas a da emoção, mas a do descontrole causado pela emoção. O primeiro ponto é ajudar a pessoa a perceber que determinadas reações são fortes, mas não são destrutivas, elas podem parecer “grandes demais”, mas “fazem parte”. Algumas vezes precisamos até mesmo treinar a pessoa em relação a como reagir sobre as reações fisiológicas causadas pelas emoções para que ela sinta-se mais “dona de si” quando essas sensações surgirem.
Em segundo lugar começamos a ajudar a pessoa a compreender melhor a emoção que ela mesmo sente, ou seja, a emoção intensa e amedrontadora. Com isso a pessoa pode compreender a mensagem que a emoção tem para passar para ela. Cada emoção nos envia uma mensagem sobre nosso momento, sobre uma determinada situação ou sobre algo que queremos fazer. Aprender a ouvir esta mensagem e organizar respostas adequadas para ela é um fator fundamental no sucesso com as emoções.
Estes dois passos simples ajudam muito para diminuir o medo em relação à intensidade emocional. Eles ajudam a pessoa a retirar um pouco a lente de aumento e a perceber a emoção de uma maneira mais útil, menos amedrontadora e com isso ela passa a fazer as pazes com sua própria intensidade emocional.
Abraço
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