- Pois então Akim… eu estou meio agitado sabe?
-
Sim. Estou vendo isso.
-
Tem muita coisa na cabeça.
-
O que você sente? Podem ser várias emoções…
-
… tristeza… raiva… medo… amor…
-
Ok. Feche os olhos um pouco, sente-se aí no sofá e respire um pouco em contato com estas emoções.
-
Ok.
-
Perfeito… não tente tirar elas, nem mexer nelas… apenas preste atenção nelas enquanto o ar entra e sai dos teus pulmões.
(depois de alguns minutos disso o cliente abre os olhos suavemente e eu pergunto à ele)
- Como você está?
-
Um pouco mais calmo.
-
Perfeito, agora, que tal me contar sobre a emoção que ficou mais presente em ti?
-
Tristeza…
-
Ok, falemos sobre ela…
Neurologicamente falando existe um fenômeno que alguns pesquisadores chamam – de maneira não-técnica – de “inundação do córtex”. Este nome se refere ao processo no qual tantas informações estão correndo de um lado para o outro que o córtex simplesmente está “inundado” de correntes elétricas. Em termos humanos isso é quando nossa cabeça “está cheia”. A maior parte das pessoas que organizar a bagunça e fica pensando sobre tudo o que está passando pela sua cabeça naquele momento e elas não conseguem pensar em tudo e, então, se desesperam um pouco mais.
Porque elas não conseguem?
Porque o córtex já está inundado, como vai processar mais informação ainda? A ideia, neste momento é desapegar-se daquilo que está passando pela cabeça e focar-se em aquietar a mente, diminuir a quantidade de processos que estão ocorrendo no cérebro para, então “ter espaço” para processar alguma coisa de uma maneira mais adequada.
Respirar é uma das melhores maneiras de se fazer isso. Ao focar a sua atenção na respiração você está direcionando esta atenção à um processo natural do corpo, que ocorre sem a sua vontade consciente, isso relaxa o cérebro que, ao invés de prestar atenção à mil e um pensamentos, presta atenção à algo que ele nem sequer precisa fazer esforço para perceber ou fazer. Este relaxamento começa a criar o espaço que é necessário para que as emoções e pensamentos se aquietem e permitam-nos fazer uma reflexão adequada.
Aquietar-se vai além disso também. Não é algo que se busca única e exclusivamente quando a mente já está super excitada, você pode buscar isso quando a sua mente não está neste estado. Aquietar-se tem a ver com a atitude de buscar manter um estado estável da mente e perceber ao longo do dia, das semanas as oscilações neste estado.
Em geral, quando os pensamentos e emoções vem, nós seres humanos, tendemos à reagir à eles. Assim, quando a tristeza surge em nós, por exemplo, a pessoa resolve dizer-se “não, não vou ‘entregar os pontos’, vamos lá”. Quando faz isso cria-se um diálogo e até mesmo uma disputa interna entre a emoção e os impulsos desta emoção e o desejo da pessoa, ou a reação da pessoa. Quando se aquieta a mente, a ideia é perceber a emoção, nada mais. A única “reação” que se tem é a de perceber. Esta atitude faz à médio prazo a integração entre a emoção e a vontade consciente da pessoa. É como se você passasse um longo período prestando atenção à algo antes de sentir um desejo de fazer alguma coisa. Em geral as pessoas relatam isto da seguinte forma: “daí me veio uma coisa e eu fui lá e fiz sabe? Tipo sem esforço entende?”.
Este tipo de relato é muito comum quando a pessoa se aquieta e reage ao que sente e pensa apenas com a atenção de perceber aquilo que está ali, sem brigas e sem desejo intencional. Como eu já disse uma espécie de integração entre o percebido e o observados se estabelece e um desejo “espontâneo” nasce daí. Este é um “segundo nível” da atitude de se aquietar.
Que tal experimentar?
Abraço
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