- Sabe eu ainda sinto a falta dele.
-
Eu imagino, você realmente gostava dele não é mesmo?
-
Sim.
-
O que você tem feito com a falta que sente dele?
-
Na verdade eu nunca deixei de sentir a falta sabe? Acho que estes últimos dias eu aceitei isso, mas ainda não sei o que fazer direito.
-
Posso ajudá-la com isso?
-
Claro.
-
Imagine um pouco aquilo de bom que viveram juntos.
-
Ok.
-
Deixe como se essas memórias se tornassem uma sensação em você, algo que pode estar sempre presente, sem lembrar dele necessariamente.
-
Entendi. Como se fosse uma nuvem de cor?
-
Pode ser, serve para você?
-
Sim, me lembra das sensações que tivemos juntos sem me lembrar do rosto dele, a cor fica na frente.
-
Ok. Como se sente em sentir isso assim?
-
Melhor, é como se eu não precisasse esquecê-lo, mas pudesse começar a viver a minha vida lembrando de tudo que tivemos de bom.
-
Ótimo!
“Ah o amor… que nasce não se onde, vem não sei como e dói não sei porque”. Camões
Sentir falta é algo muito doloroso, quanto mais forte a relação, mais forte se faz a dor da perda. Muitas pessoas desistem de começar novas relações com o medo que sentem da dor de uma possível perda ou término no futuro. Esta sensação incomoda os pensamentos dos que estão em relacionamentos e povoa os sonhos daqueles que saíram deles. O que fazer com esta sensação?
A falta que se sente nasce de todas as emoções, sensações, histórias que foram construídas e histórias por construir que são destruídas no momento de um término ou de uma perda como a morte. É aquele vácuo que fica onde antes havia algo e traz, consigo, uma falta de orientação e uma necessidade de recolhimento. Se existe o fator da dependência emocional, mais um fator se soma à isso tudo, pois o conjugue que se vai era tido como a salvação do outro e essa será mais uma falta terrível que deverá ser enfrentada.
Uma das primeiras “tarefas” que eu sempre trabalho com meus clientes é permitir a tristeza. Ela é importante para que todo o restante possa vir. Porque? Ela é uma das emoções ideais para nos recolhermos e refletirmos sobre as coisas importantes que perdemos e isto é o primeiro passo para viver o luto. Além disso a tristeza traz o choro e este alivia a alma, dói um pouco, mas sempre alivia depois.
Uma relação nunca é feita apenas de um, ambos constroem tudo aquilo que existe dentro de um relacionamento. Cada um à sua maneira, obviamente, porém ambos criam momentos bons e ruins. Assim sendo, lembrar da relação e dos momentos bons que ela teve é algo que pode ajudar a pessoa a lembrar-se do seu potencial para criar bons momentos em uma relação e isso pode ser uma percepção reconfortante. Este seria um próximo trabalho a ser feito, perceber-se como constituinte de uma relação e construtor de bons momentos, é importante para refletir sobre o que gostava de fazer e para que se possa imaginar o futuro de uma maneira positiva.
Um outro ponto é trabalhar como no exemplo acima, ou seja, manter a presença da ausência porém de uma forma positiva. Muitas pessoas que lidaram bem com a morte de pais e pessoas queridas relatam que é como se a pessoa “não tivesse morrido” – sim, elas sabem que ela morreu, não se trata de uma alucinação. Este “como se” fala da maneira pela qual a pessoa organizou a ausência dentro dela, ou seja, dentro dela é mantida uma sensação de presença que traz, consigo, elementos bons e prazerosos que a relação teve. Com isto torna-se suportável a falta, pois as memórias sobrevivem fortes.
Estas estratégias devem sempre ser feitas com um psicólogo que irá acompanhar o processo individual de cada pessoa que é único. Porém são dicas que podem ajudar você a aprender como lidar com esta emoção e a refletir sobre ela também. Obviamente que a falta de alguém que nos é querido não é uma emoção prazerosa, porém, pode sempre ser fonte de aprendizados novos e, quem sabe, de uma vida que não imaginávamos antes.
Abraço
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