• 29 de agosto de 2014

    Sintomas

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    • Estou me sentindo muito mal e estou com medo disso.

    • Medo do que?

    • Destas palpitações que eu sinto, deste humor instável e horrível que eu estou.

    • Entendo… o que te causa medo nisso?

    • Puxa, como assim? Sinto tudo isso e você ainda pergunta?

    • Claro, é a minha função.

    • Bem… é que eu não gosto de estar assim, ninguém gosta né?

    • Bem, eu não planejo isso para as minhas férias com certeza. Por outro lado, é uma informação sobre você mesma não é?

    • Lá vem…

    • O que será que humor “instável e horrível” está querendo dizer para você?

    • Sei lá…

    • “Se soubesse não estava aqui não é”? Pensa menina!

    • Ah, tá!… É que eu to muito puta com umas coisas que aconteceram mas eu não quero falar disso.

    • Ah, bem, tá ok… bom passo… agora já sabemos do que estamos falando pelo menos.

     

    É muito comum que as pessoas ao chegarem em terapia relatem seus sintomas: tristeza, medo, depressão, raiva, impaciência. Todas as emoções, comportamentos e pensamentos que elas relatam são metáforas, são mensagem que se referem à algo. Compreender isso é algo fundamental num processo de evolução pessoal.

    O que é uma metáfora? De uma maneira básica uma metáfora é algo que se refere à outra coisa. Quando dizemos “falar em metáforas” estamos nos referindo à uma pessoa que está passando uma mensagem que não deve ser entendida de maneira literal, mas sim como referência à uma outra mensagem ou ideia que está contida na metáfora.

    Os sintomas em terapia são metáforas – e resultados – de processos internos que a pessoa vivencia, da sua relação com o mundo, com seus pensamentos e com aquilo que ela não sabe como lidar. No caso da pessoa acima, por exemplo, o “humor instável e horrível” estava fazendo referência à como ela estava lidando com a frustração – descobri isso no decorrer da sessão apenas. A frustração era algo horrível para ela porque ela tinha muitas esperanças e ela estava hora tentando esquecer, hora, chorando, hora com raiva, ou seja, com um humor instável.

    Ao invés de prestar atenção ao que estava motivando os sintomas ela buscava fugir deles praguejando contra o que estava sentido apenas, esta maneira de lidar com a situação, no entanto, não estava ajudando ela. Quando pudemos ler as entrelinhas daquele humor  e compreender que “humor” estava significando “frustração” pudemos começar a trabalhar de maneira mais adequada.

    Quando as pessoas focam no sintoma isso não as ajuda porque a tendência do ser humano é querer controlar o sintoma ao invés de se aliar à ele e compreender o que ele significa naquele momento. O sintoma é sempre parte de um contexto maior e perceber este contexto é fundamental para que possamos mudar o próprio sintoma. Outras vezes compreendemos – por exemplo – que o sintoma está correto e, mesmo causando problemas na vida social – ele deve ser mantido, pois faz parte do processo evolutivo da pessoa.

    Não ter medo daquilo que ocorre conosco é um passo muito importante para que possamos “dar oi” para o sintoma e começar a mudá-lo. Para não sentir medo uma crença que sempre ajudo meus clientes à cultivar é entender que o sintoma está em você, se ele “está em” ele “faz parte” de você, ou seja, é algo “menor” que você e não maior – mesmo que às vezes pareça – e se é menor você poderá compreendê-lo e fazer algo com o que causa ele. Esta crença básica é fundamental para nos dar segurança num momento de completa insegurança.

    E você: que sintomas você percebe em você? Ao que será que eles se referem?

    Abraço

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