- E ele está assim sabe?
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Bem, tá claro que ele tá querendo algo à mais com você né?
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É verdade…
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Qual o problema?
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Ai… você sabe: eu não sei se estou pronta pra isso!
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Para se relacionar?
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É… me entregar… sei lá… sabe… sem me machucar.
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Não posso falar que você não vai se machucar, mas quem sabe você pode viver esta relação diferente das outras
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… é…
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Quem sabe se dar uma chance? Não tem preparação para relacionamentos como tem para uma prova… você sabe disso
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Sei… é algo mais de viver o que está acontecendo…
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É… que tal experimentar?
Uma maneira de encarar as relações humanas é vendo-as como se fossem um jogo. Como estar preparado para jogar um jogo?
O jogo, ao contrário de uma prova, por exemplo, é vivo, ele pode até possuir regras, mas elas não necessariamente são fixas. A prova, por outro lado possui regras fixas, o conteúdo é conhecido antes da prova, basta estudar. O jogo é diferente, não sabemos com certeza o que irá vir e mesmo que saibamos, nada nos garante que o cenário irá continuar do mesmo jeito.
Assim, como estar preparado para isso? O primeiro passo é estar em contato consigo. Em geral, as pessoas fazem o contrário. Estar em contato com o jogo e as regras do jogo significa que você irá prestar atenção à como a relação se estabeleceu e tentará manter estas regras ao longo do tempo. No entanto, o jogo, muitas vezes, precisa de mudanças e se você estiver atento às regras tentará mantê-las ao invés de se permitir mudá-las para que o jogo continue bom para você e o seu parceiro.
Quando focamos em nós podemos perceber as mudanças que o jogo está propondo e agir ou reagir de acordo integrando o mundo interno e o externo. É como estar no seu porto seguro de onde você pode ir em novas direções à medida em que elas forem necessárias. Não se trata de estar fechado em si, mas em contato consigo. Este contato é o que nos permite perceber as mudanças e reagir à elas ao invés de tentar controlar qualquer mudança de panorama.
O segundo passo é gostar de aprender. O aprendizado se torna algo fundamental num jogo vivo. Aprender as novas regras, aprender novas competências, novos desafios é aquilo que mantém o jogo em andamento. Quando fazemos o contrário o jogo se perde e nos tornamos rígidos porque não sabemos jogar o jogo de uma forma diferente.
Não levar uma mudança para o lado pessoal é uma atitude que também se mostra importante. Muitas pessoas entendem, quando o parceiro traz uma ideia diferente, nova, que ele não está gostando mais da relação, do jogo. Isso é diferente de dizer que quer tornar o jogo mais rico, mais amplo. Não gostar mais do jogo significaria querer parar de jogá-lo, brincar com a estrutura do jogo significa querer estar dentro dele, ou seja, é justamente o contrário.
Contato e empatia são outras habilidades importantes. Embora precisemos colocar o foco em nós, este foco só se faz necessário para que possamos estar pleno no contato com o jogo. É como o jogador de qualquer esporte: ele precisa estar focado e concentrado em si para poder doar-se completamente no jogo. O jogo do amor é a mesma coisa. E a habilidade de estabelecer contato e aumentar a empatia com o parceiro são fundamentais nesse sentido.
A preparação para o jogo de uma forma básica para que o leitor compreenda as várias habilidades requeridas é a preparação para estar em contato com o movimento. Não se controla o jogo, joga-se. Por isso não há uma preparação prévia que tenha um fim, algo como “você está certificado para se relacionar plenamente”. Até porque aquilo que traz a paz e e plenitude para um casal, por exemplo, num determinado momento da vida pode mudar muito num par de anos. É algo parecido com surf: você precisa estar preparado para entrar no mar, mas cada dia de mar é um dia diferente, existem regrinhas, mas o contato com a água é diferente a cada dia. Cada onda é única, cada mar é único e cada dia é diferente. Não se pode controlar o mar. Nem as ondas.
Surfe.
Abraço
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