- Pois então meu caro, não sei do que você está falando.
-
Estou falando do seu medo.
-
Mas que medo é esse que você tanto insiste?
-
Nesse que eu estou vendo aqui na minha frente.
-
Cara… você não está vendo medo.
-
O que eu vejo então?
-
Eu…
-
Você, com medo.
-
Me prove que eu estou com medo.
-
Me fale sobre o que aconteceu ontem na festa.
-
Não.
-
O que te motiva a não querer falar?
-
Não sei…
-
(Silêncio)
-
Então?!
-
Então o que?
-
Prove meu medo.
-
Responda a minha pergunta.
-
Não sei, já disse, o que você quer que eu te diga?
-
O que te motiva a não querer me dizer o que ocorreu na festa.
(Troca de olhares intensa)
- Não me sinto à vontade de falar disso.
-
O que não te deixa à vontade?
-
Não saber o que pode acontecer se eu ficar falando disso porra!
-
Ah… tem raiva também então…
A principal mentira é a que contamos para nós mesmos.
Muitas vezes a realidade é crua para nós. O que está acontecendo não está de acordo com nossas crenças, identidade, percepção do mundo e de nós mesmos. Por isso precisamos dar uma “maquiada” quando a vida está muito tensa. Algumas vezes esta maquiagem nos ajuda a seguir a vida e ir tomando conta dos desafios aos poucos, como se precisássemos tapar um pouco o sol com a peneira para conseguir olhar para ele aos poucos. Não tendo a entender isso como algo ruim quando a meta é abrir os olhos no médio – longo prazo.
Porém, outras vezes a maquiagem se torna contínua e a pessoa passa a sustentar a mentira, a maquiagem ao invés da sua realidade. A busca pelo real à médio-longo prazo se perde e a pessoa passa a sustentar a maquiagem que criou para si ao invés da realidade de sua situação. O grande problema, então, é o da sustentação do problema.
Muitas pessoas aprendem a ignorar seus sentimentos para fazer isso. Criam formas de nem sequer perceber aquilo que sentem para não precisarem reagir. Quando a emoção se torna opaca ou estranha à pessoa, quando ela sente percebe o sentimento como algo perigoso e busca se esquivar disso. Além desta reação existem pessoas que negam não apenas a emoção, mas, também, a sua própria percepção de mundo ou de pessoas. Tornam-se cada vez mais distantes do que sentem e buscam comportamentos que mantenham esta distância evitando o contato e o afeto.
Outras ainda criam uma persona sobre a maquiagem que criaram e passam, então, a viver a vida “como se” aquilo que as incomoda não existisse, seja isso as suas emoções, sua história pessoal ou até mesmo alguns pensamentos que elas tem.
Quando se inicia o processo de entrar em contato com essas coisas maquiadas as pessoas reagem de várias maneiras, a raiva é uma delas e a indiferença outra. Ninguém fica indiferente com algo que realmente não incomoda, apenas mostramos indiferença quando alguma coisa nos toca, por isso a indiferença que é fingir que não se sente nada. A dificuldade para entrar em contato é grande porque o medo é grande também. Saber o momento de acolher este medo e o momento de confrontar este medo é super importante para o desenvolvimento da pessoa.
Abraço
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