- Então é isso Akim… não sei mais o que te dizer.
-
Ok.
(Silêncio)
- E então… o que você me diz?
-
O que você quer que eu diga?
-
Não tem nada para falar?
-
Sobre o que você quer falar?
-
Bem, eu falei um monte de coisas e não sei mais o que dizer.
-
Precisamente.
-
Precisamente?
-
Disse um monte de coisas, mas não disse sobre o que quer falar.
-
Hum…
-
Porque não fica sem falar nada e sente um pouco para que você realmente veio aqui hoje?
(Silêncio)
- Bem… tem algo que eu preciso falar faz umas sessões já…
Terapia é um processo no qual usamos a conversação como ferramenta de trabalho. Muitas vezes isso faz as pessoas acharem que elas tem que trazer conteúdos para a sessão de terapia e falar muitas coisas e coisas boas também!
Vale lembrar que a terapia é, antes de mais nada, uma ferramenta de mudança, de evolução pessoal e de auto conhecimento. Visto isso não é necessário que se traga nada para a sessão porque ela própria pode ser a catalisadora de um processo de percepção a partir do qual os conteúdos emergem. Em um processo terapêutico nada é jogado fora, tudo se torna informação e o silêncio e a “falta de assunto” são informações importantes. O problema é que se busca “produtividade” num sentido industrial quando deveria-se buscá-la num sentido qualitativo e humano.
Nem toda produção está envolvida com criar algum tipo de produto. Gerar uma dúvida pode ser algo extremamente produtivo. Sair da sessão com um incômodo ao invés de sair aliviado pode ser – e geralmente é – altamente produtivo, visto que dúvidas e incômodos são elementos fundamentais para qualquer processo de mudança e de auto conhecimento, quem não se inquieta não reflete e não muda.
Também vale à pena lembrar que “não ter nada para dizer” pode ser uma das maneiras do seu inconsciente dizer para você parar de querer ficar gerando conteúdo e ir logo para aquilo que interessa. Costumo dizer que muitas pessoas quando não tem nada para dizer é que começam realmente à falar. Podemos passar horas falando sem realmente dizer aquilo que importa. É a cena de duas pessoas apaixonadas que passam horas juntas e nenhuma diz: estou louco por você.
Quando a pessoa não tem nada para falar, pode ser pelo fato de que ela está pronta para enfrentar o silêncio e as suas “verdadeiras questões”. Muitas vezes precisamos tratar de alguns problemas “secundários” antes de irmos para os mais estruturais. O silêncio e a falta de assunto podem ser indicativos de que este processo está no momento de ocorrer.
Para você que faz terapia, lembre-se: permita-se o silêncio, permita-se a hesitação de não saber o que dizer. Comunique isso ao terapeuta e simplesmente “relaxe” sobre isso. Explorar esta faceta pode ser o que vai realmente ajudar você a entrar em questões importantes. Várias vezes as pessoas me dão uma pequena informação no começo da sessão e falam sobre outros temas durante o resto, mais par ao final “ficam sem assunto” e então eu simplesmente retomo o assunto inicial que foi apenas pincelado e elas começam a falar de uma forma diferente, aquele era o tema principal.
Você não precisa ter grandes insights, fazer grandes descobertas para impressionar o seu terapeuta, lembre-se de que a terapia é, no final, um processo seu, feito por você e para você. Seja honesto não com o terapeuta, mas sim contigo mesmo e perceba o quanto isso pode mudar a sua vida.
Abraço
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