• 14 de novembro de 2014

    Relação terapêutica

    download (11)

    • Akim… eu acho que você está sendo muito duro comigo.

    • Hum… de que maneira você acha que estou fazendo isso?

    • Você está me criticando o tempo todo!

    • Entendo… como seria adequado eu me comportar?

    • Não sei… ir com mais calma talvez…

    • Entendo… você quer que eu não fale as coisas ou fale menos?

    • Acho que menos…

    • Perfeito… você percebe o que isso tem a ver com a sua maneira de se relacionar?

    • Acho que sim…

    • O que é?

    • Tem a ver com aquela coisa do mimado né?

    • Isso… tudo a ver.

    • Sim… mas é que ouvir você falando me deixa meio mal mesmo.

    • Eu acredito e acho ótimo você ter dito isso! Vou mais devagar, mas vou, porque é isso que tenho que fazer ok?

    • Sim… tá certo… eu concordo com você… é que é pesado assumir a responsabilidade sabe?

     

    Existe uma relação entre terapeuta e cliente. Negar isso é negar 90% da terapia. Quanto mais a terapia se aprofunda, mais as perguntas sobre o eu do terapeuta começam a aparecer porque mais a pessoa começa a ver um outro ser humano ali à sua frente e passa a se relacionar com ele.

    O tipo de vínculo que criamos com o terapeuta é fundamental para que a terapia continue a saber viver este vínculo também o é. Muitas vezes as pessoas melhoram muito por causa do vínculo, “apenas” isso. Para várias pessoas descobrir que exite alguém neste mundo capaz de ouvi-la é uma grande descoberta, uma experiência diferente da que ela teve na sua vida. Outros casos ter alguém que imponha limites ou que seja capaz de dar um elogio honesto e realista faz toda a diferença.

    Muitas pessoas fazem uma crítica inadequada à terapia dizendo que “é só conversa”. A crítica é inadequada em primeiro lugar porque existe a relação terapêutica, ou seja, o tipo de vínculo criado com aquele ser humano não faz com que a conversa seja apenas uma conversa, em segundo porque não se conversa sobre qualquer coisa e as perguntas não são feitas por mera curiosidade, mas sim com objetivo e embasamento.

    Aprofundar o vínculo com o terapeuta e ser capaz de se expôr cada vez mais é um bom sinal de que o vínculo está indo bem. É algo que vai além da confiança, porque envolve empatia e a abertura de si. Muitas vezes, inclusive, o processo de terapia é justamente tratar da relação que temos com o nosso terapeuta. Conseguir dizer como nos sentimos em relação à ele, ao que vivemos com ele e o que esperamos, por exemplo. Isso é altamente produtivo porque trabalha diretamente com a maneira pela qual criamos, mantemos e desfazemos vínculos com as pessoas.

    A relação entre o terapeuta e o cliente é uma espécie de laboratório onde várias formas de se expressar podem ser testadas e vivenciadas num ambiente seguro para o cliente. Questionar, gritar, chorar, se fortalecer, mostrar garra e energia são comportamentos que podem ser experimentados com alguém que vai ajudar a organizar e estruturar esta expressão, refletir sobre elas e, com isso, poder ir para o mundo realizar os mesmos comportamentos.

    Assim, quanto mais se fala sobre o que ocorre entre terapeuta e cliente, mais podemos saber que a terapia corre um rumo bom e de mudanças. Ousar falar e questionar a própria relação terapêutica é um sinal de coragem e abertura que quase sempre fala sobre os mesmos conflitos que a pessoa vive no seu dia a dia com outras relações.

    Abraço

    Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br

    Comentários
    Compartilhe: