• 5 de dezembro de 2014

    Solidão e punição

    Man Sitting on a Railroad Bridge

    • Então eu fui para casa e fiquei lá sozinho.

    • E daí?

    • Comecei a me sentir mal sabe? Ninguém me ligando ou falando pelo whats

    • O que você sentia?

    • Fiquei angustiado, me sentindo só entende?

    • Claro. Que mais?

    • Aí foi que eu comecei a pensar em algo estranho.

    • O que?

    • No que eu tinha feito de errado

    • Você tinha feito algo errado?

    • Pois é, não. Mas percebi que era como se eu tivesse.

    • Hum… como se a solidão fosse uma punição?

    • Isso!

    • E desde quando estarmos com nós mesmos é uma punição?

    • Acho que eu não entendo que eu estou comigo mesmo, mas que os outros não estão comigo entende?

    • Sim!

     

    Existe uma diferença entre estar só e solidão. A primeira é simplesmente “estar comigo”, ou seja, um estado peculiar ao ser humano. A Segunda tem duas vertentes: a primeira é a de não estar me sentindo bem ao estar só comigo, a segunda é a de estar precisando de contato humano, não por estar mal consigo, mas por desejar realizar trocas com outros seres humanos, algo também peculiar à nós.

    Muitas pessoas me dizem que não conseguem fazer nada sozinhas, que “não tem graça” ir num restaurante ou à um cinema sozinho e só vão se tem companhia. Muitas dessas pessoas não são apenas “super sociais”, mas percebem o ato de estar só como algo de certa forma nocivo e só conseguem se compreender em relação à outras pessoas.

    Uma das compreensões equivocadas que podemos dar ao estar só é a de que isso é uma punição. Ou seja, na concepção da pessoa ela não está simplesmente só, mas sim está sendo punida através da ausência dos outros. É um estado de alta ansiedade porque a pessoa, ao perceber-se só, começa a buscar o que ela fez ou está fazendo de errado para justificar a punição para si.

    Esta concepção tem vários problemas, o primeiro deles é que toma o “estar só” como punição, em segundo lugar coloca a pessoa imediatamente como culpada de algo errado que fez e coloca os outros como algozes que podem em algum momento deixar a pessoa punindo-a.

    Desta maneira a pessoa começa a tentar entender as “regras” do julgamento, ou seja, a buscar um “porque” o outro a “puniu”. Partindo desse pressuposto já se começa a ter uma relação diferente com quem tem o poder de deixar a pessoa de lado ou não. Junto com isso, ao entender as regras do julgamento a pessoa passa a ter suas opiniões sobre ela e pode tornar-se até agressiva com os outros. Além disso também irá busca o comportamento dela o qual a fez ser julgada a passará a se punir por ter tido aquele comportamento assim como a evitá-lo.

    Este estilo ansioso de relacionar-se é muito nocivo à pessoa e, assim, é importante ela ter o seguinte cuidado com ela mesma: ao invés de buscar onde você errou, procure ter um momento bom com você mesmo. Ao invés de gastar sua energia tentando achar o erro no seu comportamento, use-a buscando mais prazer nas suas atividades, fazer algo que acha interessante e, com isso ver que estar só é certo e não uma punição por algo feito.

    Abraço

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