- Ah… é difícil para mim.
-
O que é difícil?
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Sei lá… sentar, olhar, conversar…
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O que torna isso difícil?
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Não sei sabe? Acho que eu fico meio inquieto com pessoas.
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Sei… o que te deixa inquieto?
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O que elas querem, o que estão pensando sabe?
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Sei… pra que isso é importante?
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Sei lá, como vou me comportar sem saber disso?
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Pra que você precisa disso para saber como se portar?
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Ué… tem que saber o que os outros pensam né?
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Você quer fazer amigos ou controlar pessoas?
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Fazer amigos!
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Então aja como lhe convém e deixe eles dizerem o que acham disso ao invés de adivinhar o que eles pensam e representar na frente deles.
-
Ai…
Muitas pessoas tem o mesmo problema citado acima: querem controlar os seus comportamentos tomando por base as opiniões de terceiros. Isso não é fazer amigos, isso é pedir para o diretor um papel para você e seguir o script (sem contar o fato de ser uma maneira que causa uma ansiedade enorme ao conviver com outras pessoas).
Fazer amigos, assim como criar uma relação conjugal pressupõe intimidade – obviamente se você quer uma boa relação. Intimidade é a habilidade que temos em tornar algo familiar à outra pessoa ou pessoas. Quando tenho algo que é familiar à mais de uma pessoa eu tenho intimidade com ela. Note que “tornar familiar” não é o mesmo que contar ou se confessar. Qual a diferença?
Contar consiste simplesmente no conhecimento de um fato, não requer um envolvimento da pessoa com a dinâmica da pessoa que conta. Obviamente, intimidade tem a ver com o contato desta dinâmica. Assim sendo duas pessoas podem ser muito íntimas sem ter, necessariamente, um grande conjunto de “segredos partilhados”. É a dinâmica que cria a sensação de intimidade mais do que a quantidade de conteúdos partilhados.
Isso se traduz naquelas pessoas que encontramos em nossas vidas e que começamos a confiar muito rapidamente mesmo sem conhecer muito. “Parece que conheço faz anos” é o que ouço em consultório. O tempo passa, você encontra a pessoa novamente e a sensação é a mesma, com isso você sente-se à vontade para partilhar muitas coisas com ela, mesmo sem conhecer direito. Esse envolvimento é a familiaridade da qual falo.
Envolver-se desta maneira requer a sensibilidade de entrar e sair de contato, em permitir o outro ser quem é assim como se permitir ser quem se é, sem freios ou rodeios. Esta liberdade e abertura criam o espaço dentro do qual as pessoas podem partilhar de verdade alguma coisa. Este espaço é a intimidade, o que será colocado ali é o menos importante, o mais importante é a manutenção deste espaço, desta energia magnética entre duas pessoas.
Isto requer coragem de ser quem se é. Pois é somente daí que consegue-se ter uma abertura verdadeira e sem ansiedade frente ao outro. Esta competência de estar em paz consigo é fundamento básico para trabalhar com habilidades interpessoais. Boa parte dos treinamentos em habilidades interpessoais começam com a auto percepção, pois ela é base para se relacionar. É com ela que vou mediar o que falo, com quem falo, o que faço e o que não faço e não ao contrário. Não é descobrindo o que os outros pensam que eu norteio o meu comportamento, mas sim tendo convicção daquilo que eu desejo e sinto.
Se você tem problemas de relacionamento pelo fato de ficar muito ocupado com o que os outros pensam reflita que talvez você deva estar mais presente em você para se relacionar com o outro. Uma metáfora diz que quando eu estou fora de minha casa não posso receber ninguém lá, assim, se não estou comigo como poderei receber o outro?
Abraço
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