• 26 de janeiro de 2015

    Relações de coração

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    • Estou com vergonha.

    • Do que?

    • Bem… eu acabei indo na festa do meu namorado.

    • Ah… aquela “perda de tempo” de semana passada?

    • É.

    • E porque está com vergonha?

    • Porque foi bom!

    • E porque envergonhar-se disso?

    • Bem… é que eu fui muito chata e hipócrita com ele.

    • Ah, bem, disso sim sentir vergonha… mas uma boa vergonha… de aprendizado não?

    • É… verdade… ele tem muito à me ensinar.

     

    Há um pensador que diz que quando entramos em uma discussão verdadeiramente, não sabemos como ela terminará. Eu acho que esta frase fala muito sobre as relações de hoje. Porque?

    Vivemos num momento em que as relações – assim como as pessoas – parecem existir apenas para satisfazer aquelas ideias pré concebidas que temos à respeito do mundo, de nós e da própria vida. Criamos um “como deve ser” em nossa mente e temos entendido que o resto da criação deve atender à esta criação. Ledo engano.

    Se uma pessoa faz isso, a outra também o faz e aí o que ocorre? Em meu consultório o que vejo são brigas intermináveis porque nenhum dos lados sabe como lidar com a frustração e muito menos com o “outro” enquanto ser humano. Porém além disso nenhum dos dois sabe lidar com a relação de uma maneira não-comercial, ou seja, de uma maneira humana.

    Ocorre que quando dois seres se juntam eles se misturam de uma certa maneira, a relação é algo vivo que acaba por transformar os envolvidos, porém essa transformação só ocorre quando é permitida. Em geral não se permite pois esta permissão é vista como algo negativo, as pessoas não tem desejado alguém que as toque e mexa com elas, mas sim alguém que, simplesmente, atenda aos seus desejos e impulsos.

    Quando o outro deixa de ser um produto para satisfazer os meus desejos de “como as coisas devem ser”, passo a reconhecer como ele é, o que pensa, sonha e deseja, aprender a lidar com ele, aceitar as características e, principalmente, redefinir aquilo que penso que uma relação é. Ela deixa de ser um simples acordo de satisfação mútua de desejos e passa a ser um processo de desenvolvimento pessoal e de transformação onde a individualidade de um me afeta, me muda e eu a minha própria faz o mesmo.

    Isso é o que ocorre em terapia. A relação terapêutica é a base do processo e ver o outro como um ser e ajudar este outro a me compreender como um ser faz com que a intimidade possa ocorrer e, com ela, uma verdadeira relação – no sentido latino da palavra “religare” que significa ligar de novo. Ligar o que? Eu ao meu próprio processo de crescimento através da relação com um outro ser que, como eu também está no seu desenvolvimento.

    E você, muito incomodado porque o outro é diferente? Que tal viver esta diferença e se transformar?

    Abraço

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