• 30 de janeiro de 2015

    Defeitos

    jbçigçihihõhõn

    • Ai Akim… eu tô meio de cara.

    • Com o que?

    • Ah… a minha namorada que tá me enchendo demais o saco.

    • O que ela está fazendo?

    • Fica falando que eu sou travado demais!

    • Me de um exemplo.

    • Ah, tipo, que eu não sou uma pessoa ativa e que faz muitas coisas sabe?

    • Sim, qual o problema dela dizer isso?

    • Como assim? Enche o saco!

    • Sim, mas ela não está mentindo está?

    • Até você?!

    • Meu caro… você é travado e sabe disso… porque não assumir?

    • Pô… tá… mas ela não precisa ficar jogando na cara…

     

    É óbvio dizer que todos temos dificuldades, defeitos e manias “chatas”. Porém, como tratamos esses defeitos? Escondemos? Fingimos que não temos? Buscamos justificar e dar à eles uma razão (como se a pessoa estivesse certa em ter o defeito)? Que tal assumir?

    A maneira pela qual lidamos com nossos defeitos tem uma profunda relação com a nossa auto estima e com a maneira pela qual nos sentimos amados. Quanto mais medo temos de algo “ruim” em nós, mas tendemos a esconder isso – dos outros e de nós – porém essa escolha não ajuda a pessoa.

    Porque não?

    Nenhuma característica existe ao acaso e mesmo aquelas que são “genéticas” acabam assumindo um significado emocional e psíquico construídos ao longo dos anos pela pessoa e as relações que ela tem. Assim sendo tudo o que fazemos de virtuoso e de defeituoso possui um lugar na nossa mente e compõe o nosso “eu”. Quando negamos uma determinada característica negamos, junto com ela, todo um conjunto de significados, sensações e processos mentais que a geram. O pior: muitas vezes ao negar algo “ruim” em nós, negamos, também algo bom.

    Como assim?

    Justamente pelo fato de que a característica é como “a ponta do iceberg” de toda uma construção interior, ao negarmos uma determinada característica e buscar suprimi-la também fazemos isso com o processo, só que este pode gerar outras características, as quais apreciamos. A pessoa pode não gostar de ser muito prolixa e de viver em devaneios, por exemplo, porém ao suprimir isso e tornar-se “mais objetiva” ela também suprime a sua capacidade de gerar frases poéticas e a sua maneira peculiar de falar com as pessoas costurando suas histórias pessoais com vários fenômenos que ela leu ou viu em algum lugar o que a torna uma excelente companhia.

    O que fazer então?

    Ocorre que o mais importante não é negar algo negativo, mas sim compreender. Ao perceber a história e a estrutura podemos localizar melhor onde o nosso “defeito” é importante e onde não é. Talvez não seja adequado ser prolixo numa entrevista de emprego, mas ao refletir para escrever isso seja interessante.

    Além disso aprender a assumir que os defeitos não são “alienígenas” que entraram em você e te dominam, são comportamentos seus com os quais você mesmo não tem intimidade. Muitas vezes aquilo que pensamos ser um monstro em nós é, na verdade, algo muito frágil e bom. É importante conhecer para que a sua própria intimidade cresça.

    Este crescimento além de lhe posicionar melhor sobre os seus limites o faz mais honeste consigo e isso ajuda a aumentar a auto estima. É importante, no entanto, lembrar de não se punir, mas sim de reconhecer e integrar, compreender para conseguir dar um lugar mais interessante às suas próprias características. Aprender a fazer esse exercício o abrirá para algo ainda mais desafiador: aprender a lidar com isso nas suas relações, mas isso é para outro post.

    Até quando você vai fingir que não é o que é?

    Abraço

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