- Akim… nem te conto.
-
Eu imagino o que tem para me contar.
-
O que você acha?
-
A sua namorada… você está tendo surpresas sobre ela?
-
É… cara… tá, bem… é que ela não é bem o que eu achei que era.
-
Hum, diga lá, o que aconteceu?
-
Bem… ela acabou se mostrando meio fresca sabe? Tipo que não quer sair com meus amigos e ir nos barecos que a gente vai.
-
Sim, eu imaginei isso… na verdade estava claro que ela não iria.
-
Como você sabia? Porque não me falou?
-
Eu sabia por causa de coisas que você me disse sobre ela: onde ela saia, onde você a encontrou, o tipo de conversa que ela tem. Eu observei ela através dos seus olhos e vi. Ela nunca me pareceu uma moça de bareco, mas sim uma lady.
-
É né? Acho que eu deixei meio quieto porque ela é muito gata!
-
Sim… e porque você também tem algo disso em você não é mesmo? Como que te chamam na sua casa mesmo? O principezinho?
-
Ah… é… mas é que eu… sei lá…
A escolha do parceiro é um tema importantíssimo dentro de uma terapia pessoal ou de casal. Este post não vai ensiná-lo como achar o parceiro-ideal-com-quem-você-nunca-brigará-e-sempre-será-feliz-sem-esforço, mas sim ajudá-lo a perceber um pouco sobre a realidade sobre a escolha que todos fazemos em algum momento da vida.
Existem aqueles aspectos que podemos chamar de conscientes e que são a nossa reflexão sobre o que uma pessoa deve ser para nós. Aspectos físicos, sociais, financeiros, todas as características que conseguimos elencar através do nosso raciocínio. Elas são úteis e falam à respeito de algo importante: aquilo que percebemos como nosso desejo.
Podemos seguir uma linha direta com o nosso desejo e buscar exatamente aquilo que queremos ou podemos ter uma linha mais tortuosa. Esta linha tortuosa se dá pelo fato de que nem apenas de consciência vive o homem, possuímos, também uma parte inconsciente que dirige muito de nossas escolhas. Assim, aquilo que dizemos querer conscientemente pode, por vezes, ser uma defesa contra aquilo que sentimos que realmente queremos – daí a estranheza em dizer que quer algo, mas só buscar e se apaixonar pelo seu oposto ou diferente.
Estes aspectos tem a ver com nossa história de vida, os aprendizados que tivemos e o papel que assumimos na relação com nossos pais. Não se trata apenas da mãe ou do pai, mas sim da relação que tivemos com nosso pai e com nossa mãe e do papel que assumimos como o “terceiro da relação” e ainda aquilo que vimos da relação dos dois. Ou seja, não é algo simples como dizer “ele tem que ser engraçado e rico”, o processo de escolha não evolve apenas a adequação de características, envolve, principalmente, a estruturação de uma forma de se relacionar e funcionar no mundo com papéis, emoções, desejos e comportamentos.
Quando trabalho com as pessoas no consultório, em geral trabalho solicitando uma lista de como uma “relação perfeita” deve ser. Com isso começamos a acessar os desejos conscientes e a verificar se eles coincidem com o que a pessoa tem escolhido para si. Você, leitor, por exemplo, sabe como identificar as qualidades que deseja em alguém? Sabe como criar em uma relação aquilo que diz desejar? É muito comum que as pessoas desejem alguém “parceiro” e uma relação “leve”, porém não sabem identificar estas qualidades nas pessoas e muito menos criar leveza numa relação. Resultado? Frustração e a péssima lição de que é o destino quem escolhe por nós.
Com essas perguntas podemos acessar a camada secundária em que se localiza aquilo que não é consciente e podemos trabalhar com o significado dos desejos previamente estabelecidos. Isso nos ajuda a perceber a maneira pela qual a própria pessoa se relaciona e então fazer inferências sobre o motivador de seus desejos. Aqui muitas vezes a pessoa pode se libertar e ir atrás do que deseja de fato, perceber que o seu desejo não é tão importante assim ou até mesmo a entender que o desejo é uma defesa e, então, aprender a se defender melhor.
Pense nas escolhas que fez ao longo da vida e sobre o que as motivou. Refletir sobre aquilo que desejávamos e aquilo que acabamos, de fato, escolhendo nos ajuda a perceber as diferenças e as semelhanças e com isso perceber os reais motivadores de nossa dinâmica de relacionamento. Isso nos ajuda a ter mais consciência do como escolhemos e isso nos liberta.
Abraço
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