• 25 de fevereiro de 2015

    Prisão e ilusão

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    • Mas eu não sei Akim… não sei se fiz a escolha certa.

    • Entendo… como poderia saber?

    • Não sei também.

    • Sabe… existe uma diferença entre ter feito a escolha certa e se comprometer com a que fez.

    • Hum.

    • Não sei o que é “certo” e “errado” nesse mundo, mas sei de pessoas comprometidas com o que fizeram e as que não se comprometem.

    • O que você quer dizer.

    • Que você já fez várias escolhas, porém não se comprometeu com elas. Daí a ilusão de que você não fez nada de “certo” seja lá o que isso for.

    • Hum… faz sentido…

     

    “A principal mentira é a que contamos à nós mesmos.” Gosto muito desta frase. Ela traduz, na minha percepção, um dos pontos mais importantes em psicoterapia que é: nós criamos a nossa própria história.

    Mesmo que soframos lavagem cerebral, mesmo que a mídia e o meio tenham influência sobre nós, cada um “escreve” a sua história de maneira única, a seleção das imagens e como essas imagens ficarão alojadas dentro de nossa mente é singular. A frase acima nos lembra de que no final das contas existe um envolvimento do indivíduo – seja lá o que isso é – no processo de formação de sua vida.

    Porque eu acho que isso é importante?

    Porque concordo em certos aspectos com Epicteto que diz que devemos nos importar com aquilo que podemos controlar. A maneira de escrever a nossa história é algo que podemos controlar, e por controle podemos entender: influenciar, inferir. A partir do momento em que a pessoa compreende que pode inferir em sua própria vida ela também percebe que pode se comprometer com suas escolhas e isso é fundamental.

    O compromisso é algo importante porque é através dele que aprendemos a dar o devido valor àquilo que fazemos e vivemos. Você pode ter tido uma vida com mutias aventuras vividas de maneira descompromissada de forma que ao final você não deu um valor à nenhuma das suas aventuras e sente-se vazio com isso.

    Lembro-me do filme “Mr. Holland” que era um grande musicista e ao final de vida “apenas” deu aulas numa escola pública nos EUA. Ao final do filme ele percebe com a ajuda de seus alunos que ele, na verdade, tinha tido uma grande vida sendo professor e inspirado milhares de crianças – hoje adultos. É o compromisso que nos ajuda a perceber essas coisas. Mas se ele passou tantos anos lecionando, não estava comprometido?

    Não necessariamente. O compromisso de que falo aqui é com a própria escolha. É fácil desempenhar papéis, porém sem nenhum compromisso real com eles. Quando há comprometimento com a escolha a coisa é diferente porque se cria uma relação de desejo com aquilo que se escolhe fazer. É a diferença entre fazer o que gosta e gostar do que faz. A pessoa que se compromete com suas escolhas opta por gostar do que faz – porque é a melhor maneira de se relacionar com aquilo que fazemos.

    Com isso passamos a avaliar e nos importar com a escolha da maneira diferente. Ela passa a ter um valor e um significado e, com isso, os resultados que colhemos começam a “alimentar nossa alma”. Muitas pessoas, inclusive, não se comprometem por causa disso: compromisso gera significado e, para alguns, isso “prende”. “Prende” porque você passa a se importar com o seu desejo, com algo além de você mesmo. Porém a verdadeira prisão está em ficar preso dentro de você o tempo todo fingindo que nada lhe é importante. Lembrando de um mestra indiano chamado Osho: “a loucura não é perder a cabeça, loucura é perder-se dentro da cabeça”.

    E você, anda comprometido? Ou só empurrando com a barriga?

    Abraço

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