• 11 de março de 2015

    Homem que é homem…

    dean-chorando-em-preto-e-branco

    • Akim eu estou um tanto esgotado sabe?

    • Imagino… você consegue me dizer o o porque?

    • Sim… é muita responsabilidade pra mim… eu tenho que dizer em casa que tudo vai dar certo, mas…

    • Mas?

    • Mas eu não sei se vai! Não sei se a empresa vai continuar ou se eu mesmo vou conseguir sustentar a família.

    • E porque você não pode se desapegar desse peso todo?

    • Porque ele é meu!

    • É? E quem que te deu?

    • Sempre fui assim, super responsável sabe?

    • Sei sim, mas será que precisa continuar sendo? Está fingindo para quem agora? Antes era para sua mãe, mas e agora?

    • Tenho medo de dizer que não consigo… e se pensarem que eu sou fraco?

    • Fragilidade é uma característica que já é sua, basta acolhe-la.

    • Eu não sei lidar com isso…

     

    Muitos são os homens hoje que assumem o papel de “lado forte”, nada contra o papel, mas, como todos os papéis, ele precisa, mais cedo ou mais tarde, sofrer algumas alterações, algumas modificações para não desumanizar a pessoa que o vive. A falta de emoções é um dos pontos negativos daquele que “é forte”. Falta não seria  o termo adequado, mas sim a necessidade de não mostrar.

    O papel de “forte” culturalmente associado ao gênero masculino é um papel que tende à desumanizar não só o seu portador como aos outros. Ele pode ser muito útil em situações extremas como desastres naturais ou guerras, porém no cotidiano a tendência é que cause carga desnecessária em cima das pessoas ao percebê-las não como humanos, mas sim como meros papéis ou funções.

    Como “o” forte é um lugar solitário a outra tendência é que a pessoa se isole e se torne autocrática, centralizadora. Este papel é comum no universo masculino e altamente retratado em novelas e piadas. O grande problema é não poder ter alguém do lado para compartilhar sua vida e ainda, achar que qualquer movimento dos outros para “fora do programado” é um problema e não uma mudança positiva, muitas vezes.

    Lembro-me de um pai que dizia certa vez sobre as escolhas profissionais do filho: “ele não pode escolher isso, está me desafiando”; e eu perguntei: “porque acha que ele está te desafiando ao escolher?”; “porque não era isso que ele tinha que escolher”. Retruquei então perguntando se o fato do filho estar usando o raciocínio próprio não era algo que o pai educador deveria se orgulhar e o homem ficou perplexo. Ele nunca havia pensando nisso antes, nunca pensara que a educação que dera ao filho renderia um ser pensante e ao invés de ficar chateado com as opiniões próprias do filho, poderia vê-las como um sinal disso ao invés de deserção.

    Outro caso comum é quando a mulher ganha mais que o homem. Neste caso o homem sente que o seu lugar de provedor está ameaçado ao invés de perceber, por exemplo, o valor da mulher que está com ele, como aquilo pode ajudar a família e a aliviar a sua própria “carga”. A questão é que, para o forte, só pode haver um. Quando se quebra com este pensamento a pessoa pode ver o movimento das outras pessoas não como ameaças, mas sim como o que são: o movimento natural das pessoas à sua evolução pessoal.

    Fazer isso, também implica em se dar um novo lugar e dar um novo lugar ao papel de forte. A pessoa pode começar a compreender que ser forte não é manter os outros fracos, mas sim desenvolver o seu próprio potencial. Uma pessoa pode ser forte e andar com outras fortes – tomando “forte” como o que disse acima – e isso pode ser altamente recompensador. O forte não precisa ser solitário, pode compartilhar experiências e ouvir também. Ao recriar o que é ser forte a pessoa também se abre ao novo e à sua própria evolução que muitas vezes fica travada pela necessidade de manter este papel.

    Isso me lembra o caso de um senhor que me procurou, ele era o patriarca de uma família, mas sempre tivera um sonho que nunca se permitiu realizar porque ele era “o” forte. Ao longo da terapia ele não apenas pode delegar um pouco de seu trabalho aos filhos e netos, percebendo-os como competentes, abrir mais o coração à esposa e dar-lhe o valor que ela realmente merecia como também, realizar seu sonho: fazer aulas de teatro.

    E você machão, vai ficar dando um de forte?

    Abraço

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