• 13 de março de 2015

    Vítima ou vilão?

    gato-de-botas

    • Mas e porque eu deveria fazer diferente?

    • Não estou dizendo que você deve, apenas que poderia. Se fizesse, o que teria de bom para você?

    • Não sei… afinal de contas foi ele quem errou comigo.

    • Não tiro a sua razão, mas talvez esperar emburrado que isso vá mudar não seja uma resposta útil para você.

    • É… pode ser…

    • A não ser que você esteja querendo se vitimizar.

    • Droga… imaginei que poderia estar fazendo isso novamente.

    • Sim. Vamos gerar competência ao invés de culpabilizar seu amigo?

    • Verdade…

    Muitas pessoas encenam em suas vidas o papel de vítima. A cultura judaico-cristã influencia este comportamento ao valorizar o papel dos mártires. Porém o preço que se paga ao tornar-se uma vítima é muito grande.

    A vítima é aquela pessoa que não pode se defender e sofre uma agressão por causa disso. Assumir o papel de vítima é comportar-se como uma pessoa que “não fez nada de errado” e que está sofrendo punições e agressões das quais não consegue ou não pode desvincilhar-se. Este papel é funcional em muitas famílias que adotam o sistema da vítima – carrasco ou da vítima – salvador como padrões de relacionamento.

    No primeiro caso tem-se uma vítima e um carrasco, ou seja, aquela pessoa que irá ferir a vítima, que lhe causará dano. Já no segundo caso temos aquele que vem salvar a pessoa e dar-lhe um lugar de valor na vida. Em ambos o papel da vítima precisa ser mantido para que a relação exista.

    A pessoa que assume o papel da vítima sofre o dano, é engrandecida por isto, tendo um lugar na relação, porém, mantém-se, para sempre incompetente. E este é o custo do papel de vítima. Se a pessoa assume a identidade de uma vítima ela não pode defender-se e nem mesmo agredir ou se salvar, isso a tira do papel de vítima cujo único comportamento aceitável é sobreviver aos perjúrios que sofre e contar a sua história mais tarde – para que um salvador venha ajudá-la.

    Assumir a responsabilidade é o que tira a vítima do seu papel. Ser responsável significa criar respostas para os problemas que se tem e para aquilo que se almeja realizar. Assim o responsável é aquele que tem respostas e/ou as busca. Ao fazer este movimento a pessoa se retira de si a incompetência inerente à vítima e passa a agir em sua própria defesa. Defender-se e agir de maneira à buscar as respostas para as suas demandas é a ação contrária da vítima.

    É importante perceber que isso de que se fala é a sensação interior. A pessoa pode estar sendo vitimada, mas não se identifica com o papel. Assim, mesmo em uma situação em que ela “é vítima”, não se coloca como tal. Ela pode inclusive compreender que foi vitimada, porém, psicológica e emocionalmente não se identifica à esse papel. Saber fazer essa não-identificação é fundamental para que a pessoa aprenda com os problemas que surgem em sua vida.

     

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